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MÁFIA DO REMÉDIO
Androcur do lote 351 chegou a hospitais públicos vencendo licitação contra a própria fabricante
Distribuidora vende mais barato que Schering
RANIER BRAGON
em Belo Horizonte
A Ação Distribuidora de Medicamentos LTDA, que vendeu os
comprimidos de Androcur falsificados para hospitais públicos, ofereceu um preço inferior ao apresentado pela própria Schering, fabricante do medicamento, em licitação feita pelo hospital Felício
Rocho em fevereiro deste ano.
O medicamento, utilizado no
tratamento de câncer de próstata,
foi vendido a hospitais públicos
mineiros e de outros Estados.
O hospital Felício Rocho, de Belo
Horizonte, comprou o medicamento Androcur falso por meio de
uma licitação que realizou entre
três empresas, e a vencedora foi a
Ação Distribuidora. A assessoria
de imprensa do hospital não informou os preços oferecidos, mas
confirmou que a escolha recai sobre aquele que apresenta o preço
"mais em conta".
O dono da Ação Distribuidora,
José Celso Machado de Castro, 36,
diz não saber se a Schering participou da licitação, pois as propostas
foram entregues fechadas.
Ele não informou qual valor que
pediu ao hospital pelo remédio e
também diz não saber o valor que
o laboratório Schering oferece para outras distribuidoras, já que
não compra diretamente da empresa com sede no Rio.
A Agência Folha apurou junto a
representantes da Schering e a
hospitais que tratam do câncer
que o preço atual do frasco de Androcur cobrado pela Schering para
venda a hospitais é de R$ 46.
Em pelo menos mais três hospitais mineiros, a Ação Distribuidora apresentou um preço mais baixo do que o do fabricante.
No hospital Hélio Angotti, em
Uberaba, região do Triângulo Mineiro, foram adquiridos 800 frascos do Androcur falso, lote 351
(que continha os frascos falsos),
em fevereiro deste ano.
Quinhentas caixas foram vendidas ao hospital de Uberaba pela
Dipron Distribuidora de Produtos
Oncológicos, de Campinas, por
R$ 44,50, e 300 foram vendidos pela Ação, por R$ 35, segundo cópias
de notas fiscais que estão com a Vigilância Sanitária de Uberaba.
No hospital Maria José Baeta, em
Juiz de Fora (261 km de Belo Horizonte), a responsável pela farmácia do hospital, Denise Barros, diz
que a última compra de remédios
oncológicos (relacionados ao câncer) da Ação foi em dezembro de
97, por R$ 43,75 cada frasco.
Segundo ela, quatro vidros do
Androcur falso chegaram ao hospital, mas por doação de moradores da cidade.
Já no hospital Santa Casa de Misericórdia, em Belo Horizonte, as
caixas do Androcur falso chegaram em fevereiro, também pela
Ação, a R$ 40 o frasco. A assessoria
informa que mais duas distribuidoras foram consultadas, mas que
o preço da Ação foi o mais barato.
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