São Paulo, sexta, 10 de julho de 1998

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Fabricante e Vigilância divergem sobre lista

da Sucursal de Brasília

O fabricante de produtos farmacêuticos Roche e a Secretaria Nacional da Vigilância Sanitária discordaram ontem em relação a suposto erro na inclusão de lotes de remédios contra a Aids na lista de medicamentos falsificados.
A secretária nacional da Vigilância Sanitária, Marta Nóbrega, disse que a forma como a lista foi divulgada pode ter causado confusão. Nela estão incluídos os lotes B223 do saquinavir (produzido pela Roche) e W0277EB e W0207DC do 3TC (produzidos pela Glaxo Wellcome).
Esses lotes foram adquiridos pelo Ministério da Saúde e distribuídos às coordenações regionais de saúde. Esses remédios são de venda expressamente proibida. São entregues gratuitamente pela rede pública a portadores do vírus HIV.
Partes desses lotes, no entanto, foram roubadas. Segundo Marta Nóbrega, a Polícia Federal está investigando o roubo. O desvio pode ter acontecido em alguns dos pontos pelos quais o medicamento passa.
O roubo só foi descoberto em maio, após a Secretaria da Saúde do Rio Grande do Sul ter comunicado o ministério que havia comprado esses medicamentos de uma distribuidora de Minas.
Quando os produtos chegaram, a secretaria verificou que as embalagens estavam adulteradas. Os selos com as inscrições "Ceme" e "Ministério da Saúde-Venda Proibida" haviam sido raspados. Os lotes eram os mesmos adquiridos pelo ministério.
A Vigilância Sanitária incluiu então esses lotes na lista de falsificados, tendo na coluna referente à identificação do produto os seguintes dizeres: "embalagem externa raspada Ceme".
"O medicamento saquinavir foi mencionado equivocadamente na relação divulgada pelo Ministério da Saúde. O lote foi destinado por nossa empresa, por venda direta, exclusivamente ao Ministério da Saúde", diz nota da Roche.
A empresa diz que realizou testes em amostras de produtos roubados e o resultado mostrou que o conteúdo das embalagens era verdadeiro, ou seja, os remédios continham o princípio ativo.
"O objetivo da lista foi fazer um balanço de todos os produtos falsificados. Não houve erro na inclusão desses lotes, porque parte foi falsificada", diz Nóbrega.



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