São Paulo, sexta, 10 de julho de 1998

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MEDO
Soropositivos checam numeração de lotes
Suspeitas deixam pacientes em pânico

LUCIA MARTINS
da Reportagem Local

Além de forçar a Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo a parar de distribuir dois remédios anti-Aids, o pânico sobre a falsificação de remédios está gerando um clima de desconfiança nos doentes que começam a duvidar da eficácia das drogas.
Ontem, no GIV, grupo de apoio aos portadores do HIV, soropositivos discutiam e checavam os números dos lotes dos remédios que usam. Dois lotes do 3TC e um do saquinavir constam de uma lista de drogas falsas divulgada pela Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária.
O Ministério da Saúde afirma que apenas parte desse lote -que foi roubado- foi adulterado. A parte que veio para São Paulo estaria boa e apenas teria sido distribuída na Grande SP.
A Folha apurou que o lote está sendo distribuído também pelo Hospital Emílio Ribas, o principal centro de tratamento de São Paulo. Ontem, o comerciante J., 36, descobriu que recebeu, no Emílio Ribas, saquinavir do lote que teria problemas.
Seu frasco, no entanto, tem o selo da Ceme que, diz o ministério, é a prova de que a droga é legítima. Mesmo assim, J. diz que vai trocar o seu remédio.
A mesma insegurança aflige a jornalista Maria Beatriz Fugulin, 36. Ela desconfia que sua filha de 10 anos tomou um antiinflamatório falso (Cataflan) e isso fez com que a gripe piorasse.
Ela conta que sua filha teve uma inflamação na garganta e começou a ter febres muito altas. Depois de passar por um médico, a menina tomou um vidro de Cataflan e não melhorou.
Foi quando ela decidiu levar a filha ao médico de novo. "Ele mudou o antiinflamatório, e ela melhorou. Acho que ela estava tomando um Cataflan falso."




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