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VIOLÊNCIA
Vítimas, entre elas uma criança e dois homens, teriam sido também humilhadas; corregedoria apura o caso
PMs são acusados de torturar mulheres
CRISPIM ALVES
da Reportagem Local
Pelo menos 11 policiais militares
estão sendo acusados de espancar
e torturar cinco mulheres -sendo
duas menores-, dois homens e
uma criança de 8 anos.
Parte dos PMs é da Rota (Rondas
Ostensivas Tobias de Aguiar). Não
está descartada a participação de
outros policiais no episódio.
A Corregedoria da Polícia Militar São Paulo informou que está
apurando o caso com muito rigor,
mas ressaltou que as acusações estão sendo encaradas, em princípio, com muitas ressalvas. Mesma
opinião tem o Ministério Público.
As sessões de tortura e espancamento, que duraram quatro horas
-das 9h às 13h-, teriam acontecido na última sexta-feira, dia em
que o Brasil enfrentou a Dinamarca. O caso ocorreu em um terreno
com oito casas no bairro do Morro
Grande, em Pirituba (zona noroeste de São Paulo).
Nesse dia, os policiais militares,
que chegaram em três carros da
Rota e em uma perua Kombi, entraram nas oito casas. De posse de
mandados de busca e apreensão,
os policiais, boa parte à paisana,
estavam atrás de drogas.
O local, onde quase todos os moradores têm algum tipo de parentesco, estava sendo investigado
pelo serviço reservado da Rota havia algum tempo.
Os policiais pediram apoio aos
promotores do Gaeco (Grupo de
Atuação Especial de Repressão ao
Crime Organizado), do Ministério
Público de São Paulo, que enviou
um sargento para observar as buscas. Durante a operação, que foi
filmada em parte, os PMs teriam
apreendido 101 papelotes de cocaína, maconha e dinheiro.
O perueiro Cláudio Luiz da Silva
foi preso acusado de ser dono da
droga. Ele, que é acusado de ser
um grande traficante da região,
está recolhido na carceragem do
45º DP, na Vila Brasilândia.
Aos três promotores do Gaeco,
os policiais, inclusive o sargento
que trabalha com o grupo, informaram que a ação transcorreu
sem nenhum tipo de incidente.
No entanto, na segunda-feira
passada, seis pessoas -cinco mulheres e um homem- foram até a
Ouvidoria da Polícia e contaram
uma versão diferente da história.
Segundo eles, os PMs invadiram
as casas, quebrando portas e vidros. Nos termos de declaração
-com endereço e números dos
RGs- que assinaram na ouvidoria, as cinco mulheres afirmam
que foram barbaramente espancadas, humilhadas e torturadas (veja
quadro nesta página).
Uma delas, N.C.L., 28, mulher
de Cláudio, disse que apanhou na
frente dos cinco filhos. Um deles,
W.R.L.S., 8, teria sido obrigado a
abaixar a calça e a agachar três vezes. Ela afirma ainda que foi obrigada a trocar de roupa na frente de
um grupo de policiais.
Outra suposta vítima, a estudante A.P.S., 13, diz que foi obrigada a
ficar nua por mais de cinco minutos. Após ser espancada, teria tido
sua cabeça mergulhada em um
tambor de água até começar a ficar
roxa. Uma outra, J.I.S., 30, diz que
levou choque nas partes íntimas.
"Os relatos são gravíssimos. Enviei ofício para a Corregedoria da
PM e para o Ministério Público pedindo rigor e rapidez na apuração.
Se as denúncias forem comprovadas, os policiais têm que ser expulsos", declarou Benedito Domingos Mariano, ouvidor da polícia.
"Mesmo o lugar sendo um ponto de tráfico, não se justifica, em
hipótese alguma, a atitude. O caso
tem que ser apurado, independentemente de elas serem mulheres,
mães ou filhas de traficantes."
Mariano afirmou ainda que encaminhou um ofício, com cópias
dos termos de declaração das supostas vítimas, ao juiz Mauricio
Lemos Porto Alves, corregedor da
Polícia Judiciária que expediu os
mandados de busca e apreensão.
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