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ENSINO SUPERIOR
Reserva "não ataca problema na raiz"
Procurador pede na Justiça fim do sistema de cotas na federal do PR
MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
O procurador da República em
Guarapuava (PR) Pedro Paulo
Reinaldin entrou Justiça Federal
contra o sistema de cotas a negros
e egressos da escola pública aprovado pela UFPR (Universidade
Federal do Paraná) para vestibular do próximo ano.
Reinaldin protocolou ontem
um pedido de liminar a uma ação
civil pública contra a medida, mas
ainda não há resposta do juiz que
analisará o caso.
O procurador afirma, no pedido, que a adoção de cotas é "uma
solução compensatória que não
ataca o problema na raiz". "É essa
a discriminação: a péssima prestação do ensino fundamental e
médio pelo Estado."
Segundo Reinaldin, a reserva fere os direitos constitucionais de
igualdades de todos perante a lei,
igualdade de condições para o
acesso à escola e de acesso aos níveis de ensino mais elevados de
acordo com a capacidade de cada
estudante.
A UFPR anunciou em edital que
destinará 20% do total de vagas
do vestibular de 2005 a afrodescendentes e 20% a egressos da escola pública como medidas afirmativas de inclusão racial e social.
Índios de etnias existentes no Paraná também tiveram garantida
reserva de cinco vagas.
A regra foi aprovada pelo conselho universitário em maio, dias
antes de o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva enviar ao Congresso
um projeto de lei sobre o assunto.
A proposta do governo reserva
50% das vagas das instituições federais de educação superior para
estudantes que tenham cursado
integralmente o ensino médio em
escolas públicas. Nela estão contidas as cotas para negros e índios.
A reitoria da UFPR não se manifestou ontem sobre a ação do procurador. A intenção era esperar
pela decisão judicial antes de dar
declarações.
A UFPR oferta 4.160 vagas no
próximo vestibular. Entre os
atuais 19.542 alunos da instituição, apenas 2,7% são afrodescendentes. Os negros aprovados no
último vestibular representam
1,7% do total. Os inscritos eram
2,7% dos postulantes.
Os oriundos de escola pública
somaram 35% dos vestibulandos
de 2004 (as provas foram realizadas em dezembro de 2003). Do total de aprovados, 21% estudaram
sempre em escola pública e 40%
em privada.
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