São Paulo, sexta-feira, 10 de agosto de 2007

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Outra tripulação havia cometido falha durante pouso em SP

Pilotos que estavam no avião acidentado em vôo antes da tragédia erraram ao posicionar manete após tocar solo, aponta caixa-preta

A falha ocorreu em Congonhas, no mesmo dia do acidente, mas não teve o efeito de desativação do sistema de frenagem

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A caixa-preta de dados do Airbus-A320 da TAM que se acidentou em São Paulo mostra ainda que os pilotos que estavam na aeronave antes da equipe do comandante Kleyber Lima assumir não seguiram o procedimento correto de manuseio dos manetes ao pousar em Congonhas, vindo de Confins (Belo Horizonte), por volta das 14h28 do dia do acidente.
A falha ocorreu depois de a aeronave tocar a pista, e, portanto, não teve o mesmo efeito de desativação de frenagem e aceleração anormal que causou a tragédia horas depois, no mesmo aeroporto.
Segundo os dados registrados, os pilotos desse vôo anterior colocaram ambos os manetes em "idle" (ponto morto) corretamente antes de pousar. Mas, depois, o piloto, identificado como comandante Felga, acionou o reversor apenas da turbina esquerda e deixou o manete direito, da turbina com reversor inoperante, em "idle".
A norma da Airbus, em vigor há cerca de um ano, é para acionar ambos os reversores, inclusive o que está inoperante.
Nesse momento, haverá um alerta de falha do reversor do lado afetado, além de um comando do computador de bordo para retornar o manete para "idle" temporariamente. Isso deve ser ignorado, segundo a orientação do fabricante.

Pouso sem problemas
De todo modo, essa falha no pouso do começo da tarde no aeroporto de Congonhas não afetou o desempenho do avião depois que ele tocou o solo, segundo os dados registrados pela caixa-preta.
O PR-MBK desacelerou de 140 nós para 80 nós em cerca de 15 segundos, nesse caso.
Há indicação também de que a turbina direita da aeronave da TAM apresentou vibração, enquanto a esquerda permaneceu estável.
Dados da ficha de manutenção do avião indicaram que houve uma vibração anormal durante um vôo, feito cinco dias antes do acidente, mas depois não foi constatado nenhum problema.

Investigação
Um ponto que será investigado pela comissão da Aeronáutica diz respeito ao treinamento dos pilotos -que agiram de forma diferente nos dois pousos anteriores ao do acidente que provocou 199 mortes.
Além disso, a investigação irá focar na carga horária e fatores psicológicos dos pilotos, para determinar a possibilidade de efeito externo que poderia levar a uma falha humana.
No caso do vôo 3054, sabe-se que os pilotos tentaram confirmar o estado da pista de Congonhas, para saber se estava escorregadia, em conversas com os controladores. Isso pode ter causado alguma tensão, segundo especialistas.
Além de questionar a torre de Congonhas e ouvir a confirmação de pista escorregadia, uma controladora do setor de aproximação havia dito aos pilotos que a pista estava molhada, por chuva leve e contínua, mas que não havia reporte de pista escorregadia. (LEILA SUWWAN)

Colaborou ANDREZA MATAIS, da Sucursal de Brasília


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