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Outra tripulação havia cometido falha durante pouso em SP
Pilotos que estavam no avião acidentado em vôo antes da tragédia erraram ao posicionar manete após tocar solo, aponta caixa-preta
A falha ocorreu em Congonhas, no mesmo dia do acidente, mas não teve o efeito de desativação do sistema de frenagem
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A caixa-preta de dados do
Airbus-A320 da TAM que se
acidentou em São Paulo mostra
ainda que os pilotos que estavam na aeronave antes da equipe do comandante Kleyber Lima assumir não seguiram o
procedimento correto de manuseio dos manetes ao pousar
em Congonhas, vindo de Confins (Belo Horizonte), por volta
das 14h28 do dia do acidente.
A falha ocorreu depois de a
aeronave tocar a pista, e, portanto, não teve o mesmo efeito
de desativação de frenagem e
aceleração anormal que causou
a tragédia horas depois, no
mesmo aeroporto.
Segundo os dados registrados, os pilotos desse vôo anterior colocaram ambos os manetes em "idle" (ponto morto)
corretamente antes de pousar.
Mas, depois, o piloto, identificado como comandante Felga,
acionou o reversor apenas da
turbina esquerda e deixou o
manete direito, da turbina com
reversor inoperante, em "idle".
A norma da Airbus, em vigor
há cerca de um ano, é para acionar ambos os reversores, inclusive o que está inoperante.
Nesse momento, haverá um
alerta de falha do reversor do
lado afetado, além de um comando do computador de bordo para retornar o manete para
"idle" temporariamente. Isso
deve ser ignorado, segundo a
orientação do fabricante.
Pouso sem problemas
De todo modo, essa falha no
pouso do começo da tarde no
aeroporto de Congonhas não
afetou o desempenho do avião
depois que ele tocou o solo, segundo os dados registrados pela caixa-preta.
O PR-MBK desacelerou de
140 nós para 80 nós em cerca de
15 segundos, nesse caso.
Há indicação também de que
a turbina direita da aeronave da
TAM apresentou vibração, enquanto a esquerda permaneceu
estável.
Dados da ficha de manutenção do avião indicaram que
houve uma vibração anormal
durante um vôo, feito cinco
dias antes do acidente, mas depois não foi constatado nenhum problema.
Investigação
Um ponto que será investigado pela comissão da Aeronáutica diz respeito ao treinamento
dos pilotos -que agiram de forma diferente nos dois pousos
anteriores ao do acidente que
provocou 199 mortes.
Além disso, a investigação irá
focar na carga horária e fatores
psicológicos dos pilotos, para
determinar a possibilidade de
efeito externo que poderia levar a uma falha humana.
No caso do vôo 3054, sabe-se
que os pilotos tentaram confirmar o estado da pista de Congonhas, para saber se estava escorregadia, em conversas com
os controladores. Isso pode ter
causado alguma tensão, segundo especialistas.
Além de questionar a torre de
Congonhas e ouvir a confirmação de pista escorregadia, uma
controladora do setor de aproximação havia dito aos pilotos
que a pista estava molhada, por
chuva leve e contínua, mas que
não havia reporte de pista escorregadia.
(LEILA SUWWAN)
Colaborou ANDREZA MATAIS, da Sucursal de
Brasília
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