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Na CPI, Airbus defende projeto do seu avião
Vice-presidente de segurança da empresa reconheceu, porém, que alerta para posição errada dos manetes não foi desenvolvido
Yannick Malinge afirmou que falhas humanas "são imprevisíveis"; depoimento foi dado em francês e teve tradução simultânea
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em depoimento à CPI do
Apagão Aéreo, o vice-presidente de Segurança de Vôo da Airbus, Yannick Malinge, defendeu os aviões de sua empresa,
negou que o "sistema automatizado" do modelo tenha contribuído para o acidente do vôo
3054 da TAM e afirmou que falhas humanas podem ser "imprevisíveis".
De acordo com Malinge, o
procedimento correto de acionamento dos manetes para caso de reversor inoperante entrou em vigor em abril de 2006
e todas as operadoras de aviões
Airbus foram devidamente informadas.
Ele não explicou se, antes
disso, o procedimento pedia
que o reversor inoperante não
fosse acionado -conforme
ocorreu na cabine do avião acidentado, de acordo com dados
da caixa-preta.
"Está em vigor o procedimento, há mais de um ano, que
permite usar os manetes na
aterrissagem da mesma maneira [que quando ambos reversores estão operantes]", disse.
Malinge foi questionado sobre o que levaria um piloto a cometer o erro anterior a esse, de
não colocar ambos manetes em
"idle" (marcha lenta ou ponto-morto) logo antes de tocar a
pista. O procedimento é considerado primário na aviação.
"Em matéria de comportamento humano, há um elemento imprevisível. E prever o imprevisível é difícil", disse Malinge, que fez o depoimento em
francês. A Airbus providenciou
a tradução simultânea.
Os deputados se irritaram
com a FAB depois que Malinge
confirmou que o Cenipa (comissão de investigação da Aeronáutica) aprovou o comunicado oficial no qual a fabricante
isentou a aeronave de defeito
de funcionamento com base
nas caixas-pretas.
A declaração levou os deputados a convocarem novamente o chefe do Cenipa, brigadeiro
Jorge Kersul, a depor na próxima semana para se explicar.
"O Cenipa vai ter que vir aqui
desmentir essa informação ou
vai parecer que mentiram para
nós quando disseram que ainda
era cedo para tirar conclusões",
afirmou o deputado Vic Pires
(DEM-PA).
O alerta que a Airbus afirmara ter desenvolvido após um
acidente quase idêntico em
Taiwan, em 2004, para avisar
sobre a posição correta dos manetes, na realidade, acabou não
sendo feito. De acordo com Malinge, era difícil colocar mais
um alerta funcional que pudesse ser compreendido e gerar
uma reação num espaço de
poucos segundos.
No acidente do vôo 3054, o
"retard" tocou duas vezes e a
turbina acelerou. Em seguida, o
sistema de anticolisão com o
solo chamou mais uma vez: "Retard". Não houve outro alarme
ou aviso na cabine, segundo a
gravação da caixa-preta.
"É preciso desmistificar o
que andam dizendo sobre esse
avião, que o computador atua
sem o piloto. A qualquer momento ou etapa do vôo, os pilotos têm o comando do avião.
Computadores de bordo existem há décadas", disse Malinge.
Colaborou ANDREZA MATAIS, da Sucursal de
Brasília
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