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Sindicato diz que pressa pode ser causa
Especialistas afirmam que ritmo acelerado das obras na linha 4 do metrô pode ter causado afundamento em Pinheiros
O diretor do Instituto de Engenharia diz ser difícil evitar problema como o de quarta-feira, uma vez que o terreno é "muito arenoso"
LUISA ALCANTARA E SILVA
DA REDAÇÃO
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
Diretores do Seesp (Sindicato dos Engenheiros no Estado
de São Paulo) ouvidos pela Folha afirmaram que a pressa em
terminar a obra da linha 4 do
metrô pode ter sido uma das
causas do afundamento na rua
dos Pinheiros, anteontem.
O engenheiro Balmes Vega
Garcia, que além de ser diretor
do Seesp é também do Crea-SP
(Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de São Paulo), disse que as
obras do metrô estão indo em
um ritmo muito acelerado e
que isto pode estar relacionado
com as eleições.
"Quanto maiores os controles [cuidados com segurança],
os valores aumentam, mas ninguém quer pagar mais", afirmou Garcia. "E precisa entregar até tal dia, então, o governo
do Estado começa a pressionar
a construtora. Tem eleição vindo", completou o diretor.
Além disso, Garcia afirmou
que, se a nova linha fosse construída em um nível mais profundo, o risco de acidente na
superfície seria menor. "As vibrações da obra chegariam
mais fracas em cima, evitando
os buracos. Mas sai mais caro."
"Acho que uma das causas é a
pressa em terminar a obra",
disse outro diretor do Seesp e
do Crea-SP Luiz Antonio Salata. "O Consórcio Via Amarela
só visa o lucro, e a gente sabe
que obra a toque de caixa sai
mais barata", disse.
O presidente do Crea-SP, José Tadeu da Silva, afirmou que
a obra deveria ser feita com
dois tatuzões, e não só com um,
como é atualmente. "Com um
tatuzão não faz? Faz, só que a
velocidade da obra vai ser menor. E para fazer nessa velocidade com que a obra está sendo
feita, seria melhor duas máquinas. Além de ser complicado
[devido ao solo arenoso], vão
ter de caminhar muito mais devagar [com só um tatuzão]."
"Há um cronograma. Às vezes, [o consórcio] pode querer
acelerar a obra e acaba não observando determinados cuidados que ela requer", disse Silva.
Dificuldade
O diretor do Instituto de Engenharia, Roberto Kochen,
afirmou ser difícil evitar um
problema como o da rua dos Pinheiros, uma vez que o terreno
do local é "muito arenoso".
"O tatuzão é uma das máquinas mais modernas no mundo.
Mas é difícil evitar uma coisa
como essa", explicou.
Sobre a possibilidade de se
fazer a obra mais profunda, para encontrar um solo mais estável, Kochen diz que a mudança
aumentaria muito o preço da
obra. "Além disso, poderia diminuir a segurança quando a
estação estivesse em funcionamento. Se houver um incêndio,
por exemplo, demora mais para
retirar todo mundo."
Já Emiliano Stanislau Affonso, engenheiro do Metrô, disse
que o afundamento é comum.
"É normal ter pequenos deslizes em obras grandes assim",
disse. "Não foi nem a primeira
vez nem vai ser a última."
Outro lado
O Consórcio Via Amarela
não quis comentar as declarações dos especialistas. A Secretaria de Transportes Metropolitanos da gestão Serra negou
que haja pressão para acelerar a
obra e declarou que os trabalhos estão dentro do prazo.
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