São Paulo, sexta-feira, 10 de agosto de 2007

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Presidente da Fapesp substituirá Pinotti

Ex-vice-reitor da Unicamp, Carlos Vogt assumirá a Secretaria de Ensino Superior, que abriga as 3 universidades paulistas

Três meses após a invasão da reitoria da USP, José Aristodemo Pinotti apresentou carta de demissão ao governador

DA REPORTAGEM LOCAL

Atual presidente da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), o professor Carlos Vogt será o novo secretário de Ensino Superior do Estado. Três meses depois da invasão da reitoria da USP (Universidade de São Paulo), o secretário José Aristodemo Pinotti apresentou ontem ao governador José Serra (PSDB) pedido de demissão.
Embora tenha atribuído a decisão a "motivos pessoais", Pinotti teve sua permanência ameaçada durante a invasão da reitoria, que durou 50 dias.
Para integrantes do governo, ele perdeu autoridade quando o secretário Luiz Antonio Marrey (Justiça) assumiu a negociação com os alunos. Em junho, ao saber da pressão para a sua saída, Pinotti repetiu que, superada a crise, deixaria o cargo. Mas, segundo aliados, tinha expectativa de ficar.
Pinotti se queixava ainda da falta de estrutura e de recursos e insistia para uma conversa com Serra, que, porém, evitava o encontro. Desgastado, pediu demissão anteontem em conversa com o governador e com o secretário Aloysio Nunes Ferreira (Casa Civil). Pouco entusiasmado com o desempenho do secretário, Serra aceitou.
Sem espaço na equipe de Gilberto Kassab, Pinotti voltará para a Câmara dos Deputados.
Na carta apresentada ontem a Serra, Pinotti defendeu a criação da secretaria, alvo de ataques dos professores universitários. Em breve resposta, o governador elogiou a lealdade de Pinotti "no tratamento das principais questões que envolveram seu funcionamento".
Vogt foi vice-reitor da Unicamp quando o reitor era o ex-ministro Paulo Renato Souza. Ele preside o Cendotec (Centro Franco-Brasileiro de Documentação Técnica e Científica) e coordena o Labjor (Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo), da Unicamp.
A Secretaria de Ensino Superior, que abriga USP, Unesp e Unicamp, foi criada por decreto por Serra. Anteriormente, as universidades ficavam na Secretaria de Ciência e Tecnologia, junto com Fapesp e Fatecs (Faculdades de Tecnologia).
A medida sofreu críticas de parte da academia e foi uma das bases dos protestos dos invasores da reitoria da USP.
Esses setores entendiam que o governo havia desarticulado o ensino superior (a Fapesp é uma das maiores fontes de financiamento de pesquisa) e que poderia haver interferência na gestão das universidades. O governo dizia que a pasta fora criada para valorizar as escolas e que não haveria ingerências.
Durante a crise na USP, o governador publicou um "decreto declaratório" para esclarecer algumas medidas tomadas para o setor. Um dos artigos dizia que as atribuições do secretário de Ensino Superior não eram aplicáveis às universidades -o que foi interpretado como um esvaziamento da secretaria.


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