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Para pesquisador, auditoria é um avanço
José Mendes Ribeiro, da Fiocruz, diz que o maior controle ajudará a preservar o próprio sistema de terceirização
OSs fazem prestação de contas mensais, mas, para a Promotoria, conferência deveria
ser mais minuciosa
DE SÃO PAULO
A Prefeitura de São Paulo
fará um avanço importante
se contratar uma auditoria
para verificar os gastos das
OSs, avalia o pesquisador José Mendes Ribeiro, da Ensp/
Fiocruz (Escola Nacional de
Saúde Pública da Fundação
Oswaldo Cruz).
Para Ribeiro, a auditoria
externa é necessária porque
a crescente terceirização de
hospitais e postos de saúde
pode "ameaçar esse modelo
de gestão da saúde pública".
"Quando há poucos contratos, o poder público consegue olhar minuciosamente
cada um. Quando o modelo
se massifica e os contratos se
multiplicam, o poder público
perde essa capacidade de
controle", explica.
Os primeiros convênios da
Prefeitura de São Paulo com
as OSs foram assinados em
2001. Hoje, dirigem ao redor
de 250 estabelecimentos.
Ribeiro ressalta ser essencial que o resultado das auditorias se torne público: "Precisa haver transparência".
O promotor Arthur Pinto
Filho, do Ministério Público
do Estado de São Paulo, também diz apoiar essa possibilidade. A Promotoria, aliás,
tem ações ajuizadas contra a
Secretaria Municipal da Saúde em que pede mais controle nas parcerias.
"A prefeitura não tem condições de fazer o controle.
São pouquíssimos os funcionários. As contas chegam,
mas fazem só uma conferência formal. Não olham detalhadamente", diz.
Ele exemplifica: "Quanto a
OS paga, com dinheiro público, por um esparadrapo?
Muito? Pouco? Não sabemos.
É um perigo, já que as OSs
não compram por licitação".
Até agora, 24 entidades receberam da Secretaria Municipal da Saúde o título de OS.
CONTROVERSO
As OSs são entidades privadas sem fins lucrativos.
Quando assumem um hospital, ficam obrigadas a atingir
metas de consultas, exames
e cirurgias.
E, para cada unidade de
saúde, fazem uma prestação
de contas mensal. A OS enumera o gasto com remédio,
salário de médicos, exame,
material de limpeza etc.
A parceria com OSs surgiu
no Brasil no final dos anos 90
e atualmente é adotado por
vários Estados e prefeituras.
Entidades como o Banco
Mundial dizem que esse modelo é mais ágil e econômico.
Quando é dirigido pelo poder público, o hospital precisa abrir licitação para comprar, concurso para contratar
e sindicância para demitir.
Com as OSs não. Assim, as
unidades de saúde públicas
terceirizadas resolvem seus
problemas com rapidez.
O modelo, por outro lado,
é criticado por entidades como o Conselho Nacional de
Saúde. Citam a falta de controle sobre a verba pública.
O Supremo Tribunal Federal deverá julgar uma Adin
(ação direta de inconstitucionalidade) que questiona as
parcerias com as OSs.
(RICARDO WESTIN)
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