São Paulo, sexta-feira, 10 de setembro de 2004

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MASSACRE NO CENTRO

Saulo de Castro diz que caso será esclarecido antes de a morte de moradores de rua completar um mês

Secretário promete solução em uma semana

SÍLVIA CORRÊA
DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho, afirmou ontem, em duas entrevistas coletivas, que as ações criminosas que levaram à morte seis moradores de rua não completarão um mês sem solução. "De 30 dias [a investigação] não passará. E não passará mesmo. Em 30 dias nós vamos resolver esta questão", disse ele.
Questionado sobre a existência de provas acerca da identidade dos autores dos crimes, ele continuou: "Mais uns diazinhos e a gente resolve. Está perto, claro. Se eu estou falando em uma semana é porque está perto".
O caso corre em segredo de Justiça. As primeiras mortes completaram ontem 21 dias. Se a promessa do secretário se concretizar, os autores dos crimes devem ser apresentados à imprensa até sábado da semana que vem.
As últimas declarações de Abreu Filho sobre o assunto foram dadas após um almoço no DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), onde os ataques estão sendo apurados.
No meio da tarde, o otimismo foi corroborado pelo promotor que acompanha o caso, Carlos Roberto Marangoni Talarico.
Cético e discreto ao longo das investigações, Talarico disse ontem, pela primeira vez, ter "uma informação importante e uma boa pista a seguir", que definiu como "mais do que um indício".
A Folha apurou que o elemento mais forte dessa convicção surgiu de um relato ouvido na quarta.
Desde a instauração do inquérito, os investigadores trabalham com informações que indicam que os executores dos crimes usavam uniformes, e a polícia já declarou que a linha mais avançada de investigação aponta para a participação de guardas-civis.
Ontem, mais uma vez, a tese veio à tona. Ao mesmo tempo que disse que o caso caminha para um desfecho, o secretário da Segurança voltou a afirmar que a polícia tem indícios contra os guardas.
"A polícia foi curiosa [ao pedir as fotos dos guardas à prefeitura]? Claro que não. Pediu porque tem indícios", disse Abreu Filho. As fotos foram apresentadas a todas as testemunhas do caso ouvidas desde a semana passada.
A Guarda Civil Metropolitana é ligada à Prefeitura de São Paulo, comandada pelo PT, principal rival do PSDB de Abreu Filho na cidade. Os petistas afirmam que a polícia está induzindo depoimentos para direcionar a investigação. O Estado contra-ataca, dizendo que a prefeitura não colaborou, atrasando o envio das fotos dos guardas e tentando desacreditar o DHPP. "Houve falta de colaboração da prefeita, que é a dona da guarda", disse Abreu Filho.
Também ontem deputados federais visitaram a Secretaria Municipal de Assistência Social e saíram satisfeitos com o que viram. "Concluímos que as mortes foram uma fatalidade e não resultado de falta de política", disse o deputado Orlando Fantazzini (PT), porta-voz da comissão, formada também pelo PSDB, PFL e PTB.


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