DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Morreu na tarde de ontem, em Brasília, um dos jovens que injetaram doses de anabolizante e complexo vitamínico nos braços para "inflar" os músculos. Jackson Vieira de Souza, 21, foi internado no dia 3 na UTI do Hospital de Base, onde um garoto de 15 anos continua em coma. Outros quatro jovens tiveram alta.
A Polícia Civil ainda investiga mais cinco casos de utilização das drogas com o mesmo fim. Todos os jovens são da cidade de Padre Bernardo (GO), distante 120 quilômetros de Brasília.
Segundo a direção do Hospital de Base, no Distrito Federal, Jackson sofreu falência renal -uma das conseqüências do uso de anabolizantes- entre a noite de quarta e a madrugada de quinta.
Segundo o depoimento à polícia dos quatro jovens que também fizeram uso da droga, mas tiveram alta, Jackson teve pelo menos 30 ml da droga Estigor injetados em cada braço. O medicamento mistura o anabolizante nandrolona e o complexo vitamínico ADE e é usado para engordar bovinos. Produzido na Argentina, o Estigor tem venda proibida no Brasil.
Eles disseram que compraram a droga de um jovem de 17 anos morador de Padre Bernardo. O revendedor teria vendido e aplicado a substância a um preço de R$ 1 por mililitro. O delegado da cidade, Rodrigo Fontana de Carvalho, disse que ouvirá o garoto na segunda-feira. Segundo Carvalho, trata-se de crime de homicídio ou tentativa de homicídio. A polícia de Brazlândia, no Distrito Federal, investiga o envolvimento de um jovem de 22 anos, que seria o distribuidor da droga.
Todos os seis internados injetaram a substância no braço. Segundo o médico veterinário Augusto Moscardini, do Hospital de Grandes Animais da UnB, a dose recomendada para um animal entre 350 e 400 quilos é de 10 ml.
O jovem que permanece em coma na UTI teve 15 ml injetados em cada braço. Os demais teriam injetado cerca de 10 ml. Além de vômitos e problemas respiratórios, os jovens tiveram inchaço e inflamação nos braços.
Os anabolizantes causam graves lesões hepáticas e renais, além de aumentar o risco de câncer, como o de próstata. Sem efeito anabolizante, o ADE provoca uma inflamação quando injetado no músculo. A substância fica "encapsulada" e infla o local, o que pode ser confundido com hipertrofia muscular. Pode causar necrose dos tecidos, amputação e até morte.

Prisão
A Polícia Militar de Goiânia (GO) prendeu ontem no centro da cidade um homem com 60 frascos do anabolizante Equipoise. Detido, Sentinelo Souza de Santana, 26, disse que os frascos eram contrabandeados da Argentina e revendidos em academias.
Não há, a princípio, relação entre Santana e os outros 11 jovens de Padre Bernardo que tomaram anabolizante. (ANA FLOR)


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