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Consumo cresce durante o verão, diz ex-usuário
FERNANDA MENA
DA REPORTAGEM LOCAL
"Chega o verão e a molecada
cai matando nesse tipo de coisa", diz o professor de musculação João (nome fictício), 31,
que já tomou Estigor, o anabolizante de uso veterinário que
causou a morte de um jovem,
mas não o recomenda.
"Eles usam achando que vão
ficar grandes mais rápido. E
não vão. Pior, não têm conhecimento da dose ou da aplicação.
Tem gente que até esquenta [o
anabolizante no microondas].
É uma loucura", conta.
João conta que a substância é
usada especialmente por atletas de fisiculturismo para "corrigir imperfeições, como um
bíceps maior do que o outro",
ou para aumentar um pouco
algum músculo.
Ele admite que chegou a vender Estigor e que há muitos
meios de conseguir o produto.
"Dá pra comprar nas academias e nos sites. O cara entrega
na sua casa. Ou ainda, se você
tiver contatos lá fora [no exterior], mandam pra você."
A reportagem encontrou pelo menos três sites que vendem
suplementos alimentares usados em academias e anabolizantes de uso controlado.
O farmacêutico especializado
em farmacologia clínica Breno
Silva de Abreu, 24, fez um estudo com 89 usuários brasileiros
de anabolizantes e colheu seus
depoimentos. A maioria dos
usuários é jovem, de 19 a 25
anos (55%), ou adolescente, de
15 a 18 anos (26%).
Mais da metade (68%) têm
nível superior e 29% têm nível
médio completo. Apenas 3%
deles, no entanto, fazem uso de
esteróides anabolizantes com
acompanhamento médico e
somente 6% adquirem essas
substâncias em farmácias com
prescrição específica. O restante compra via internet (22%),
em farmácias, mas sem prescrição médica (31%), ou em outros meios (41%).
"Estigor entra no Brasil pelo
México e pela Argentina", diz.
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