São Paulo, sexta-feira, 10 de setembro de 2004

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Consumo cresce durante o verão, diz ex-usuário

FERNANDA MENA
DA REPORTAGEM LOCAL

"Chega o verão e a molecada cai matando nesse tipo de coisa", diz o professor de musculação João (nome fictício), 31, que já tomou Estigor, o anabolizante de uso veterinário que causou a morte de um jovem, mas não o recomenda.
"Eles usam achando que vão ficar grandes mais rápido. E não vão. Pior, não têm conhecimento da dose ou da aplicação. Tem gente que até esquenta [o anabolizante no microondas]. É uma loucura", conta.
João conta que a substância é usada especialmente por atletas de fisiculturismo para "corrigir imperfeições, como um bíceps maior do que o outro", ou para aumentar um pouco algum músculo.
Ele admite que chegou a vender Estigor e que há muitos meios de conseguir o produto. "Dá pra comprar nas academias e nos sites. O cara entrega na sua casa. Ou ainda, se você tiver contatos lá fora [no exterior], mandam pra você."
A reportagem encontrou pelo menos três sites que vendem suplementos alimentares usados em academias e anabolizantes de uso controlado.
O farmacêutico especializado em farmacologia clínica Breno Silva de Abreu, 24, fez um estudo com 89 usuários brasileiros de anabolizantes e colheu seus depoimentos. A maioria dos usuários é jovem, de 19 a 25 anos (55%), ou adolescente, de 15 a 18 anos (26%).
Mais da metade (68%) têm nível superior e 29% têm nível médio completo. Apenas 3% deles, no entanto, fazem uso de esteróides anabolizantes com acompanhamento médico e somente 6% adquirem essas substâncias em farmácias com prescrição específica. O restante compra via internet (22%), em farmácias, mas sem prescrição médica (31%), ou em outros meios (41%).
"Estigor entra no Brasil pelo México e pela Argentina", diz.


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