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Brasileiro se diz feliz, mas não vê o vizinho tão alegre
76% dos entrevistados pelo Datafolha declaram-se felizes; em 1996, eram 65%
Quando questionado sobre a situação dos brasileiros, só 28% dos ouvidos os vêem como pessoas felizes; índice há dez anos atingia 23%
LAURA CAPRIGLIONE
DA REPORTAGEM LOCAL
VINICIUS ABBATE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A julgar pelo que dizem de si
os brasileiros, este é um país de
gente feliz. Nada menos do que
76% (três em cada quatro) dos
7.724 entrevistados pelo Datafolha nos últimos dias 4 e 5, em
349 municípios, consideram-se
"felizes". A taxa é 11 pontos percentuais maior do que a registrada em um estudo de 1996 sobre o mesmo tema, quando
65% disseram-se felizes.
O Datafolha também perguntou a cada entrevistado: "E
os brasileiros, de um modo geral, na sua opinião, são pessoas
felizes, mais ou menos felizes
ou infelizes?". Nesse caso, apenas 28% declararam que os
brasileiros são "felizes".
Bem menor (48 pontos percentuais a menos) que o índice
de felicidade referente ao próprio entrevistado, mesmo assim a taxa dos que consideram
os brasileiros "felizes" é cinco
pontos percentuais maior do
que a verificada em 1996, quando 23% escolheram essa alternativa. Do outro lado do espectro, a taxa dos que avaliam os
brasileiros como "infelizes"
caiu de 18% para 13%.
O economista Eduardo Giannetti da Fonseca, autor de "Felicidade" (Cia. das Letras), livro
de 2002, não vê contradição.
"Quando a pergunta se refere à
pessoa do entrevistado, o que
ele faz é olhar para para o seu
estado de ânimo. Quando a pergunta se refere aos brasileiros
em geral, o entrevistado pensa
em condições de moradia, renda, segurança, emprego."
Em 1996, o governo era de
Fernando Henrique Cardoso. A
facção criminosa Primeiro Comando da Capital ainda engatinhava nas cadeias. O desemprego atingiu 6% dos trabalhadores. Em 2006, o taxa de desemprego ficou em 10,1%, o governo é Lula e o PCC...
Giannetti arrisca uma explicação para o aumento do "coro
dos contentes". "Talvez o brasileiro esteja mais resignado."
Ele cita o padre Antônio Vieira:
"Quereis só o que podeis e sereis onipotentes", dizia o jesuíta há mais de 300 anos. Pode
ser. Há outras hipóteses.
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