RENATA BAPTISTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM GUARACIABA (SC)

Em um momento, a agricultora Cleonice Lazzari, 38, estava na cozinha com a família e, pouco tempo depois, debaixo dos destroços. Foi resgatada por bombeiros e estava, até ontem, internada por causa dos ferimentos sofridos durante a passagem do tornado por Guaraciaba (708 km de Florianópolis), na madrugada de anteontem. A avó de 86 anos, que estava com ela, morreu e só foi encontrada a 150 metros.
A alta hospitalar, prevista para hoje, está marcada pela dúvida de não saber para onde ir, pois, da casa, só restou o piso. O pai, um irmão e um tio, sem ter mais onde morar, estão vivendo em um ônibus que usavam para transportar uma banda.
Cleonice estava internada com a filha de dez anos, Tamilaile, que também sofreu escoriações nas costas e nos braços. Durante o tornado, as duas se abraçaram dentro de casa para não serem levadas pelo vento.
A menina disse que nunca tinha visto ninguém morrer -no mesmo dia, viu a bisavó e a amiga de escola, de nove anos, virarem vítimas. "Casa a gente constrói, só vida é que não dá pra construir de novo", disse.
Ontem, um dia após a passagem do tornado pelo município, por todo lugar era possível avistar os prejuízos causados.
Na estrada até o município havia árvores caídas junto a pedaços de telhados. A maioria das casas que permaneciam de pé eram cobertas por lonas para suprir as telhas que voaram.
A agricultora Maria Helena Possato, 36, disse ter "voado" durante a passagem do tornado. "Eu e meu marido tentamos proteger o sofá, que era novo, mas, quando vi que não dava, me abracei com minha filha e fomos levadas pelo vento. Acho que fiquei a uns cem metros do que restou de minha casa." Segundo ela, o marido, que quebrou a perna, só pôde ser resgatado por um trator, já que a ambulância não conseguia chegar.


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