São Paulo, Domingo, 10 de Outubro de 1999
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SAÚDE
Menopausa pode atingir até adolescentes

PRISCILA LAMBERT
da Reportagem Local

Maria Lucia, aos 32 anos, sentia ondas de calor repentinas, suor excessivo e irritava-se com facilidade. Sua menstruação não vinha havia dois meses e ela se submeteu a exames. Diagnóstico: menopausa.
Casos como esse não são tão incomuns como se imagina. Há divergências entre especialistas sobre a incidência da menopausa precoce, que chegaria a ocorrer em 1% a 8% das mulheres.
A menopausa, caracterizada pela falência da atividade dos ovários, costuma ocorrer em mulheres entre 47 e 50 anos. O processo é considerado precoce quando acontece antes dos 40 anos.
Há uma série de razões que podem levar à antecipação da menopausa (veja quadro abaixo). Quem tem antecedente genético -mãe, tia ou avó com menopausa precoce- tem grandes possibilidades de receber essa herança.
O problema pode estar em uma alteração cromossômica. Algumas meninas nascem com menos folículos (estruturas presentes no ovário que desenvolvem um óvulo dentro de si). Outras "gastam" mais folículos que o normal durante o processo de seleção natural realizado pelos ovários -há um mecanismo que destrói parte dos folículos antes que a menina chegue à puberdade.
"Já atendi meninas de 16 e 18 anos que entraram na menopausa por apresentarem esses problemas", diz o ginecologista Aloísio José Bedone, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
Há ainda uma outra causa que chega a ser responsável por um terço dos casos de menopausa precoce. As mulheres podem desenvolver uma doença auto-imune que bloqueia a atuação, no ovário, do hormônio FSH produzido pela hipófise (glândula cerebral). Esse hormônio estimula o desenvolvimento dos folículos ovarianos.
Quando há o bloqueio, os folículos não se desenvolvem, e o ovário pára de funcionar.
Essa doença normalmente está associada a outras doenças auto-imunes, como hipotireoidismo e artrite reumatóide, entre outras.
Para esses casos, há perspectivas de a mulher engravidar (leia texto abaixo).
A terapia de reposição hormonal é, assim como para as mulheres na faixa dos 50 anos, o melhor tratamento para curar os sintomas da menopausa mesmo em jovens. Segundo especialistas, os sintomas -sudorese, insônia, ondas de calor- podem ser mais intensos na menopausa precoce.
"A reposição hormonal é fundamental porque, além de curar os sintomas, diminui os riscos de a mulher desenvolver osteoporose ou doenças cardiovasculares", diz o ginecologista César Eduardo Fernandes, presidente da Sociedade Brasileira de Climatério.
Também é com esse tratamento que a mulher evita a diminuição de lubrificação vaginal decorrente da falta de estrógeno, o que provoca dores na relação sexual. "A terapia evita essas situações que, por se manifestarem mais cedo, podem causar desconforto maior tanto físico quanto psicológico", afirma Fernandes.



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