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ESCOLA BASE
Seis envolvidos não conseguem emprego nem receber indenização por danos morais e materiais
Acusados vivem cinco anos de traumas
MARIANA CARVALHO
do "Agora São Paulo"
Os seis acusados de abuso sexual contra crianças, no episódio
que ficou conhecido como Escola
Base, ainda não conseguiram reconstruir suas vidas, arrasadas
pela irresponsabilidade da polícia
e da imprensa.
Hoje, cinco anos depois, ninguém recebeu qualquer tipo de
indenização pelos danos materiais e morais que sofreu. Os processos ainda tramitam na Justiça.
Para os envolvidos, não se trata
apenas de um reparo financeiro.
"Vou andar com a sentença do
juiz na carteira, para mostrar para
as pessoas que me reconhecem na
rua que quem me acusou estava
errado", diz Icushiro Shimada.
Ele é marido da diretora da Escola Base, Maria Aparecida Shimada. Em março de 94, duas
mães de alunos acusaram o casal,
além de professores, um perueiro
e os pais de um aluno de abusar
sexualmente de seus filhos.
Foi o início de um caso de polícia que ganhou as manchetes dos
jornais do país e chegou a Europa,
Estados Unidos, Canadá e Japão.
Em dez dias, o delegado que
apurava o caso prendeu os pais de
um aluno e indiciou as duas donas da escola e seus maridos.
Diante da fragilidade das provas, a Justiça mandou outro delegado assumir o inquérito. As novas investigações provaram que o
caso não passou de uma série de
erros das mães, do delegado e da
imprensa.
Paula Alvarenga, sócia e professora, está desempregada. "Nunca
trabalhei com outra coisa. Como
posso voltar para uma escola depois do que aconteceu?", diz.
Maurício Alvarenga, ex-marido
de Paula e perueiro, foi o principal
acusado no caso. Ele vendeu os
negócios que tinha, abandonou a
família e tudo o que pudesse lembrá-lo do episódio.
Maria Aparecida faz até hoje
tratamento psicológico e vive a
base de calmantes. Seu marido
ainda trabalha em sua copiadora
no centro da cidade e tenta saldar
as dívidas que contraiu.
"Não podia deixar de pagar os
funcionários e nem entregar a casa, que era alugada, toda destruída", disse. O imóvel onde funcionava a Escola Base foi depredado
na época das denúncias.
Para reformar a casa e pagar os
salários, Shimada precisou pegar
dinheiro emprestado. Mara e
Saulo Costa Nunes, pais de um
aluno, não querem falar sobre o
assunto. Na época, foram acusados de participar dos "abusos".
Todos processaram o Estado.
As ações estão em diferentes fases. A mais adiantada é a do casal
Shimada e de Maurício, que tem
sentença em primeira instância.
A Justiça entendeu que houve
culpa do delegado pelas acusações. O Estado foi condenado a
pagar indenização.
Os envolvidos não concordaram com o valor da indenização
-pouco mais de R$ 12 mil- e
aguardam decisão da Justiça sobre seu recurso.
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