São Paulo, Domingo, 10 de Outubro de 1999
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Pré-julgamento provocou erro

do "Agora São Paulo"

Os acusados foram condenados desde o primeiro dia das investigações com base no que duas crianças de quatro anos disseram a suas mães.
O delegado Edelcio Lemos recebeu a denúncia de que as crianças eram levadas pelo perueiro Maurício Alvarenga para a casa dos pais de um aluno, Saulo e Mara Costa Nunes, onde seriam molestadas pelos acusados.
Lemos interrogou as crianças sem o auxílio de psicólogos e não conseguiu nenhuma resposta delas sobre o abuso.

Laudo
Baseado apenas em um laudo parcial do IML que indicava que F.J. poderia ter sofrido abuso sexual porque tinha pequenas lesões no ânus, Lemos prendeu Saulo e Mara e indiciou os outros quatro, acusando-os de abuso sexual contra as crianças.
O caso foi amplamente divulgado pela imprensa, que noticiou a versão do delegado. A maior parte dos veículos de comunicação não fez nenhum questionamento aos delegados e muitos incentivaram a violência física contra os acusados.
Por causa da falta de provas, a Justiça determinou que o delegado Gerson Carvalho assumisse as investigações.
Ele ouviu novos depoimentos, pediu outros exames ao IML e o acompanhamento de uma psicóloga. Carvalho descobriu que F.C. tinha problemas de intestino, razão dos ferimentos. O delegado Lemos não quis comentar o caso.
Carvalho afirmou que seria deselegante falar sobre as investigações, mas disse ter certeza da inocência dos acusados. "Quando concluí o inquérito tinha absoluta convicção de que não houve abuso, pelo menos por parte dos funcionários", disse. (MC)


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