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São Paulo, sexta-feira, 10 de outubro de 2003

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BARBARA GANCIA

Será que o rei da Noruega não gosta de bacalhau?

Estou boiando até agora. Vem cá: o que foi que o Alexandre Pires fez de tão grave para merecer a betoneira de críticas despejada em cima dele nesta semana? Qualquer pessoa que chore fácil (eu, por exemplo, choro até assistindo aos "Simpsons") pode entender a emoção de um sujeito que veio do nada e que, de repente, se encontra em plena Casa Branca, cantando com banquinho e violão, na maior intimidade, para o presidente dos EUA -seja lá quem for o presidente.
O pessoal chuta cãozinho pinscher com a maior facilidade. Quero ver é enfrentar pit bull, olhando no olho do bicho. Quero ver a crítica metida a balão perguntar à sensação do momento, Maria Rita Mariano, por que a guria ficava tão tiririca quando era comparada à mãe, se agora ela só interpreta o repertório da Elis.
Continuo sem entender chongas. Nas bolsas de apostas da Europa, o presidente Lula é um dos mais cotados para receber o Prêmio Nobel da Paz deste ano. Será que eles estão falando do mesmo presidente Lula que a gente conhece? E por que cargas-d'água o Lula mereceria ganhar o Nobel da Paz? Por ter sido convencido pelo Duda Mendonça a trocar a carranca do rio São Francisco por um sorriso?
Se dependesse de mim, o máximo que Lula ganharia neste momento seria um puxão de orelha bem dado de dona Marisa. Sei que as reformas são importantes e que nossa paçoquinha Amor em forma de presidente está empenhado até o último fio da barba em vê-las aprovadas. Mas será que a mais alta autoridade da República Federativa do Brasil tinha mesmo de comparecer ao velório do deputado do Rolex falsifi cado? Ele não poderia ter enviado em seu lugar o vice-presidente, o Gushiken ou, sei lá, um filho?
E o que o venerado leitor me diz dos 15 minutos de atraso que custaram ao nosso presidente uma doação ao Fome Zero, que seria feita pelo rei Harald 5º da Noruega? Ninguém explicou a Lula que, para os europeus, meros cinco minutos de atraso já são suficientes para causar demissões ou terminar amizades da vida inteira?
Outra história que deu um nó nesta minha cabecinha de ervilha foi a assessoria do rei da Noruega admitir, durante a visita real a São Paulo, que Harald 5º nunca tinha experimentado bolinho de bacalhau. Como assim? O cara não é o rei da NO-RU-E-GA? Será que lá na cozinha do palácio dele, em Oslo, não há nem sequer um livrinho merreca de bolso de culinária portuguesa?


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