São Paulo, domingo, 10 de outubro de 2004

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MUNDO ANIMAL

Polícia suspeita de funcionário que já ameaçou colega de morte; animais eram usados em pesquisa e exibição

Ataque criminoso com cão mata 31 aves no Butantan

DA REPORTAGEM LOCAL

Um ataque criminoso com um cachorro em um viveiro do Instituto Butantan de São Paulo (zona oeste da cidade) matou 31 aves na madrugada de anteontem -seis galos, dez gansos, nove patos e seis galinhas. Alguns eram usados em pesquisas. Outros estavam apenas em exibição.
O principal suspeito é um funcionário do próprio instituto, que em 103 anos de história nunca havia registrado um caso como esse.
A direção do Butantan já abriu uma sindicância interna para apurar o crime, que está sendo investigado por policiais do 51º DP.
Os seis seguranças que vigiavam a região próxima ao viveiro na noite de quinta para sexta, quando ocorreu o ataque, disseram não ter visto nem ouvido nada.
Quando os animais foram encontrados, na manhã de anteontem, alguns ainda agonizavam. Todos apresentavam marcas de mordidas no pescoço e na parte peitoral, sob as asas. Pelas características dos ferimentos, os veterinários acreditam que o cão agressor tenha recebido treinamento especial para lutas.
Sem telhado ou cobertura, o viveiro de cerca de 400 m2 é cercado por uma tela de arame de um metro e meio de altura. Como não houve arrombamento na fechadura nem na tela, é provável que alguém tenha aberto o portão para que o cachorro entrasse no local ou jogado o animal dentro do viveiro por cima do alambrado, recolhendo-o depois do ataque.
Ontem de manhã, funcionários da limpeza usavam rastelos para juntar as penas das aves mortas, espalhadas pelo viveiro com algumas manchas de sangue. Lotaram dois sacos grandes de lixo.
Ao lado do viveiro ficam 76 macacos rhesus, uma das duas colônias em cativeiro que existem no Brasil. Lá, a segurança é maior, já que eles são protegidos por jaulas.
Alguns dos animais mortos foram levados para a perícia na Faculdade de Veterinária da USP (Universidade de São Paulo), vizinha ao Butantan.
O funcionário que hoje é o principal suspeito dos crimes, cujo nome não foi divulgado, já provocou muita confusão no Butantan no último ano, desde que a nova diretoria tomou posse.
Ele foi rebaixado de cargo no setor de transportes do instituto depois de ter ameaçado de morte outro funcionário. Também foi denunciado por uma mulher de tê-la ameaçado de agressão, dizendo-se policial. Um outro caso envolve o irmão do suspeito, que também teria agredido outros trabalhadores do Butantan.

Mistério do zôo
Depois de quase nove meses de investigações, ninguém foi preso pelo envenenamento que matou 73 animais do Zoológico de São Paulo, crime ocorrido entre 24 de janeiro e 15 de março deste ano. Os resultados dos exames realizados nos animais mortos apontaram o uso de fluoracetato de sódio -substância de uso proibido no país- como a causa das mortes em série no zoológico.
Morreram três chimpanzés, três antas, cinco dromedários, uma elefanta, um bisão, um orangotango, dois macacos caiarara, dez micos-leões-dourados, um macaco-de-cheiro, dois tamanduás, um sagüi-preto-de-mão-amarela e 43 porcos-espinhos.
Oito funcionários do parque, um ex-diretor e um criador clandestino de aves suspeitos tiveram a quebra de sigilo bancário e telefônico decretada pela Justiça Federal em julho. Nenhum deles foi indiciado até agora.
As investigações apontaram conexão entre a repressão ao desvio de animais do zoológico e o envenenamento dos bichos. (FABIO SCHIVARTCHE E FERNANDA MENA)

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