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Kassab volta a cobrar 6.527 multas anuladas
A suspeita de fraude no julgamento de recursos foi detectada por sindicância
Secretaria dos Transportes passou a investigar o caso depois que surgiram suspeitas de existir esquema para cancelar multas
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Prefeitura de São Paulo
anulou o cancelamento de
6.527 multas de trânsito, aplicadas entre julho de 2004 e setembro do ano passado, em razão das suspeitas de que tenha
havido fraude no julgamento
dos recursos contra as infrações. A irregularidade foi apontada por uma comissão de sindicância aberta pela Secretaria
dos Transportes. O valor total
das infrações canceladas é de
cerca de R$ 1,068 milhão.
A secretaria começou a investigar o caso depois de surgirem suspeitas de que havia um
esquema montado para cancelar multas durante a apresentação das defesas prévias. Desde
outubro de 2005, foram reavaliados cerca de 10.702 recursos
deferidos. Não havia indício de
fraudes em aproximadamente
4.175, segundo a secretaria.
A defesa prévia foi criada em
2004 para analisar aspectos
formais dos autos de infração, a
exemplo de erros flagrantes,
como de placas e de horários,
no caso de multas por desobediência ao rodízio. No período
em que o esquema funcionou,
foram protocolados 47 mil recursos contra infrações.
Caso as falhas fossem confirmadas por essa instância, os autos de infração nem mesmo
eram transformados em multas. Do contrário, o motorista
ainda poderia recorrer às juntas julgadoras de infrações.
Segundo a sindicância da
prefeitura, pessoas lotadas no
DSV (Departamento de Operação do Sistema Viário) estavam
deferindo pedidos que não se
enquadravam nos casos previstos na legislação, extrapolando
prerrogativas do órgão.
Agora, a prefeitura tem prazo
de 30 dias para enviar aos proprietários dos veículos, no endereço do registro do veículo,
comunicados da anulação. Em
seguida, será aberto prazo de 15
dias para o motorista se manifestar. Caso não haja interesse,
o processo será julgado novamente pelas juntas.
De acordo com o secretário
dos Transportes, Frederico
Bussinger, o esquema funcionava dentro do DSV, órgão responsável por analisar as defesas prévias.
Em abril, a Folha revelou
que um ex-funcionário da CET
(Companhia de Engenharia de
Tráfego) de São Paulo, demitido sob a acusação de comandar
um esquema de anulação de
multas, Hugo Carlos de Almeida, 43, afirmava que era procurado por pessoas que se apresentavam como assessores de
políticos e de partidos para que
ele deferisse recursos e cancelasse penalidades.
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