São Paulo, quarta-feira, 10 de outubro de 2007

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Faixa-fantasma afasta clientela de prostitutas em bairro nobre de SP

DANIEL BERGAMASCO
DA REPORTAGEM LOCAL

Mistério no bairro de Moema (zona sul de São Paulo), nos arredores do clube Helvetia. Quem está amarrando, nas árvores das redondezas, faixas com os seguintes dizeres: "Motorista da noite, sua placa está sendo filmada"?
Moradores das casas vizinhas ouvidos pela Folha dizem que não sabem quem foi, mas que entenderam o recado. "É para que os clientes de prostitutas e travestis tenham medo de ter a placa de seu carro divulgada", diz Ana Francisco, que mora em frente ao clube. A faixa também diz que a imagem terá "posterior divulgação pública". "E sabe que eu acho bom? As meninas [prostitutas] são até comportadinhas, mas os travestis fazem barulho", diz Ana.
As profissionais do sexo dizem que as faixas -que são de mentirinha, já que não acompanham câmeras- afastaram a freguesia.
"A sociedade é moralista, não nos suporta aqui", queixa-se o travesti Maby, 23.
"Os bons clientes, casados e com dinheiro, ficam com medo de parar. Os drogados e bêbados não estão nem aí", conta Regina ("nome artístico"), que faz ponto na avenida Indianópolis. Marisi, sua amiga, concorda. "Aqui vêm muitos playboys pobres, que são os piores, que não têm nem comida na geladeira de casa e vêm jogar ovo na gente. Já os ricos ficam com medo de parar."
Um porteiro da região diz ter visto a instalação do aviso, por "um cara que dirigia uma Pampa", cerca de um mês atrás.
Eram três faixas. Sobrou uma, na alameda dos Tupinás. Às 21h30 de segunda-feira, só uma jovem, de nome não revelado, trabalhava por lá. "O movimento está fraco", diz ela, que leva uma cadeira dobrável, dessas de lanchonete, para a esquina. "Se não chega ninguém, fico sentada esperando. Depois, guardo a cadeira na casa de um aposentado."
A Subprefeitura da Vila Mariana diz que vai retirar o material, que fere a Lei Cidade Limpa. "O entorno do bairro fica muito desagradável, não pelas prostitutas em si, mas pela nudez, sujeira e barulho. Mas não é assim que se resolve", diz Fábio Lepique, subprefeito, que está em férias na França.


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