São Paulo, quarta-feira, 10 de outubro de 2007

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Prisão triplicou meus eleitores, diz Viscome

Solto em 2005, ex-vereador quer disputar cargo à Câmara; ele se filiou ao PT do B durante festa ontem

PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Dois ex-presidiários foram apresentados em uma festa de filiação ao partido PT do B, ontem, no bar Brahma: Vicente Viscome, 65, virtual candidato a vereador, não tem idéia do motivo pelo qual Oscar Maroni, 55, que quer ser prefeito de SP, foi preso. E vice-versa.
"Foi por causa de carro?", pergunta Maroni a Viscome, errando. O ex-vereador pelo PPB (hoje PP) foi condenado a 16 anos de prisão acusado de participar da chamada "máfia da propina" na Administração Regional da Penha (zona leste). Saiu da prisão em 2005.
Diz Viscome que é inocente, e que foi preso porque era "político novo" e contratou "advogados "enrolão'" [sic]. "Sempre trabalhei no ramo de automóveis, sou comerciante e tenho dinheiro. Você acha que eu precisava achacar camelô?"
Maroni, por sua vez, é acusado de favorecimento e exploração da prostituição, formação de quadrilha e tráfico interno de pessoas. Sua namorada, Maíra, 23, está ali ao lado, mas não se manifesta. "Ele é o foco", resume ela. Diz que não liga para o fato de seu namorado espalhar que transou com 1.500 mulheres. "Isso faz parte do personagem", acredita.
Viscome afirma que o número de eleitores dele triplicou após a prisão. Já Maroni ficou nacionalmente conhecido quando afrontou o prefeito Gilberto Kassab (DEM).
O presidente estadual do PT do B, Antônio Rodriguez Fernandes, 70, garante que não discrimina candidato. E explica seu critério: "Você acha que alguém rico assim pode ser burro?". Outro caso de "homem inteligente", na opinião de Rodriguez, é o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), acusado de aceitar dinheiro de lobistas para pagar despesas pessoais.
"Acho que esses bandalheiros fazem o povo passar por bobo", discorda Viscome, referindo-se a Calheiros. O próprio Viscome diz não se considerar um "bandalheiro" por supostamente ter cobrado propina. "Aquilo tudo foi um erro", repete, sem intenção de processar a Justiça pelos sete anos preso "por engano": "Não sou rancoroso. O rancor eu entrego nas mãos de Deus", diz ele, que tornou-se evangélico na prisão.
Maroni conta que sua formação é comunista, depois foi malufista e considera Clodovil um exemplo a ser seguido. "Eu o admiro pela arrogância, por ser um homem que não ficou dentro do armário. Um homem que tem até um pouco da minha forma de ser."
Sem preconceitos, o presidente do partido, Antônio Rodriguez, diz. "É tudo tipo. Sabe a novela "Duas Caras'? Pois é, o Maroni tem quatro."
As campanhas ainda nem começaram, dizem todos. Mesmo assim, Viscome disponibilizou duas ambulâncias para moradores da zona leste. "Não é só para os eleitores. A gente nem sabe quem vai atender", defende-se. Mas quem vai ser atendido lê na ambulância o nome de Viscome e frases como "O bem venceu o mal" e "Faça justiça".
Em um ato falho, Viscome diz que vai "continuar ajudando os menos necessitados". "Antes eu era "inocentinho", mas, depois de sete anos na cadeia virei malandrinho."


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