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Prisão triplicou meus eleitores, diz Viscome
Solto em 2005, ex-vereador quer disputar cargo à Câmara; ele se filiou ao PT do B durante festa ontem
PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Dois ex-presidiários foram
apresentados em uma festa de
filiação ao partido PT do B, ontem, no bar Brahma: Vicente
Viscome, 65, virtual candidato
a vereador, não tem idéia do
motivo pelo qual Oscar Maroni,
55, que quer ser prefeito de SP,
foi preso. E vice-versa.
"Foi por causa de carro?",
pergunta Maroni a Viscome,
errando. O ex-vereador pelo
PPB (hoje PP) foi condenado a
16 anos de prisão acusado de
participar da chamada "máfia
da propina" na Administração
Regional da Penha (zona leste).
Saiu da prisão em 2005.
Diz Viscome que é inocente,
e que foi preso porque era "político novo" e contratou "advogados "enrolão'" [sic]. "Sempre
trabalhei no ramo de automóveis, sou comerciante e tenho
dinheiro. Você acha que eu precisava achacar camelô?"
Maroni, por sua vez, é acusado de favorecimento e exploração da prostituição, formação
de quadrilha e tráfico interno
de pessoas. Sua namorada,
Maíra, 23, está ali ao lado, mas
não se manifesta. "Ele é o foco",
resume ela. Diz que não liga para o fato de seu namorado espalhar que transou com 1.500
mulheres. "Isso faz parte do
personagem", acredita.
Viscome afirma que o número de eleitores dele triplicou
após a prisão. Já Maroni ficou
nacionalmente conhecido
quando afrontou o prefeito Gilberto Kassab (DEM).
O presidente estadual do PT
do B, Antônio Rodriguez Fernandes, 70, garante que não
discrimina candidato. E explica
seu critério: "Você acha que alguém rico assim pode ser burro?". Outro caso de "homem inteligente", na opinião de Rodriguez, é o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), acusado
de aceitar dinheiro de lobistas
para pagar despesas pessoais.
"Acho que esses bandalheiros fazem o povo passar por bobo", discorda Viscome, referindo-se a Calheiros. O próprio Viscome diz não se considerar
um "bandalheiro" por supostamente ter cobrado propina.
"Aquilo tudo foi um erro", repete, sem intenção de processar a Justiça pelos sete anos
preso "por engano": "Não sou
rancoroso. O rancor eu entrego
nas mãos de Deus", diz ele, que
tornou-se evangélico na prisão.
Maroni conta que sua formação é comunista, depois foi malufista e considera Clodovil um
exemplo a ser seguido. "Eu o
admiro pela arrogância, por ser
um homem que não ficou dentro do armário. Um homem que
tem até um pouco da minha
forma de ser."
Sem preconceitos, o presidente do partido, Antônio Rodriguez, diz. "É tudo tipo. Sabe
a novela "Duas Caras'? Pois é, o
Maroni tem quatro."
As campanhas ainda nem começaram, dizem todos. Mesmo
assim, Viscome disponibilizou
duas ambulâncias para moradores da zona leste. "Não é só
para os eleitores. A gente nem
sabe quem vai atender", defende-se. Mas quem vai ser atendido lê na ambulância o nome de
Viscome e frases como "O bem
venceu o mal" e "Faça justiça".
Em um ato falho, Viscome
diz que vai "continuar ajudando os menos necessitados".
"Antes eu era "inocentinho",
mas, depois de sete anos na cadeia virei malandrinho."
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