São Paulo, segunda-feira, 10 de outubro de 2011

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Moradores combatem queimadas sozinhos

Água de piscina e mangueiras foram utilizadas para apagar incêndio em mata ao redor de condomínio em Cotia

Moradores reclamam que Corpo de Bombeiros demorou para atender a ocorrência; fogo iniciou em área vizinha

ELIANE TRINDADE
DE SÃO PAULO

Nos últimos dois anos, Marcos Martinelli, 32, contabilizou oito queimadas nos arredores de casa. Três delas, segundo ele, gravíssimas.
A cada novo período de seca, labaredas e fumaça comprometem o sonho do vendedor de morar numa bela casa, cercado de verde, bichos e nascentes, em um condomínio na Granja Viana, em Cotia (Grande São Paulo).
A última queimada de proporções maiores calcinou, em 17 de setembro, um hectare ao redor do condomínio Colinas de São Fernando, na na altura do km 28 da rodovia Raposo Tavares. "O fogo destruiu a área de preservação", lamenta Martinelli.
O incêndio começou no sítio vizinho. O proprietário Roberto Rodrigues, 49, queimou a sobra do corte de árvores no fundo do terreno. "Fizemos uma clareira, botamos fogo, mas bateu um vento forte e perdemos o controle", relata.
Denunciado pela prática, ele foi multado em R$ 9.000 pela polícia ambiental. "Vou recorrer. A natureza, infelizmente, não nos ajudou", diz.
Ele teve que ajudar os vizinhos a debelar as chamas que ameaçavam a casa da empresária Amanda Simões, 29. "Queimar entulhos é uma atitude muito irresponsável", critica ela, que viu as chamas invadirem seu quintal.
A situação foi ainda mais dramática pelo fato de o Corpo de Bombeiros não ter respondido ao chamados insistentes. "Desculpe-me, mas a senhora não tem cadastro", foi a resposta que Amanda diz ter ouvido ao relatar o caso.
"Começamos a ligar ao meio-dia e nada. Combatemos o fogo durante quatro horas e meia", relata a síndica Patrícia Rabello. "Um bombeiro ligou de volta às 18h. Não tinha mais nada a fazer."
Uma brigada de combate foi improvisada. Moradores e funcionários usaram mangueiras, baldes e até água das piscinas. Consumiram os 120 mil litros dos dois reservatórios do condomínio. Para normalizar o fornecimento de água, compraram oito carros-pipa ao custo de R$ 300 cada um.
"Grande parte dos incêndios são criminosos, pois ainda limpam terreno com fogo", diz Rubens do Amaral Gurgel, secretário do Meio Ambiente de Cotia. A ocupação desordenada de uma região que é um dos cinturões verdes de São Paulo também contribui.



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