São Paulo, sábado, 10 de novembro de 2001

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Réus teriam comportamento exemplar

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O comportamento dos quatro acusados pela morte do índio pataxó Galdino Jesus dos Santos é considerado exemplar no período em que eles estão presos, desde abril de 1997. Dois funcionários da penitenciária onde eles estão e testemunhas de defesa disseram que os acusados não tiveram privilégios por serem de famílias de classe média alta.
Segundo o diretor do presídio em 1997, Brás Justino da Costa, a transferência dos acusados da ala comum para uma sala com televisão, vaso sanitário e chuveiro elétrico ocorreu porque informantes relataram que os presos pretendiam sequestrar os familiares dos réus -Eron Chaves de Oliveira, Tomás Oliveira de Almeida, Antônio Novely Vilanova e Max Rogério dos Santos. O pai de Novely é juiz federal em Brasília e o padrasto de Max é ex-ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Para Raul Livino, advogado de defesa, o depoimento de um carcereiro em favor do réu é uma prova importante. "O carcereiro sempre é inimigo do réu. Quando ele se dispõe a depor é porque o réu é bom", disse.
"Eles não tinham regalias, 95% dos presos tem televisão", disse Paulo Marinho de Oliveira, agente penitenciário que conheceu os acusados. Segundo ele, os réus demonstraram arrependimento e, após um período, "tomaram consciência do que tinham feito".
Para o advogado e deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), assistente da acusação, os réus tiveram tratamento diferenciado, se comparado ao de outros presos. "Mas o sistema carcerário como um todo está falido", disse.
Mônica Matos, agente penitenciária que teve contato com os réus e que assistia ao julgamento, disse que passou a se sentir próxima aos "meninos". "Todos demonstraram estar inconformados. Quando o tema era o pataxó, eles ficavam arrasados. Max e Novely eram muito educados. Eron era o mais inconformado e Tomás sempre ficava mais calado."
Atualmente, os acusados cuidam do almoxarifado das cantinas do presídio. Segundo seus depoimentos, cuidam das entregas, da organização e distribuição dos suprimentos das 9h às 17h. Há um ano, eles trabalham das 17h às 22h, na reforma do presídio.


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