São Paulo, sábado, 10 de novembro de 2001

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SEQUESTRO 1

Reféns foram levadas quando andavam a pé

Menina e empregada doméstica são soltas após 8 dias em cativeiro

IURI DANTAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O município de São Bernardo do Campo teve nesta semana o primeiro caso de sequestro em que as vítimas foram capturadas enquanto estavam a pé. Esse foi o sexto crime do tipo registrado na Grande São Paulo neste ano.
Na última quarta-feira, dia 31 de outubro, três homens armados sequestraram B.L.F., 9, filha de um empresário da construção civil, e a empregada doméstica Eunice, 40, cujo sobrenome não foi divulgado. As duas iam para a escola da menina, a 400 metros de sua casa, em Vila Marlene, por volta das 7h. A família de B. não quis se pronunciar sobre o caso.
Segundo a polícia, os sequestradores fizeram contato com os pais da menina menos de uma hora depois do sequestro, ainda no dia 31. A partir daí, a polícia começou a acompanhar as negociações.
O resgate, cujo valor não foi divulgado, foi pago no início da noite de anteontem na rodovia Imigrantes, na altura de uma entrada para Diadema.
Ninguém foi preso na operação e informações da polícia indicam que o pedido inicial dos sequestradores (US$ 300 mil) não foi atendido.
O delegado Gilmar Camargo Bessa, 38, declarou que a quantia paga foi "infinitamente menor" que esse valor. Após o pagamento, os sequestradores interromperam a comunicação telefônica com a família.
As reféns foram libertadas por volta da 1h de ontem. Elas foram encontradas em um Santana prata, na região de Jardim Míriam (zona sul de São Paulo).
O carro estaria com o porta-malas aberto, o que teria chamado atenção dos policiais que patrulhavam a área.
Segundo o delegado Bessa, do Dise (Departamento de Investigações Sobre Entorpecentes), as suspeitas iniciais recaem sobre uma quadrilha de dez pessoas que atuaria na cidade há um ano e meio. Pelo menos um deles seria responsável por outro sequestro e estaria sendo procurado.
A menina comemorou o aniversário de nove anos no cativeiro, no última quarta-feira. Segundo policiais, as vítimas estavam muito abaladas e por isso os depoimentos serão feitos na próxima segunda-feira.
A Folha apurou que uma testemunha já identificou os três suspeitos por meio de fotografia e que as investigações mostram que o cativeiro utilizado fica no bairro de Vila Élida, em Diadema.
Em buscas preliminares no local, policiais encontraram espingardas de calibre 22, pistolas, sacos plásticos com bolas de metal e uma kombi. Não havia ninguém na casa durante a operação.
No último sábado, um universitário foi libertado, depois do pagamento de resgate na estação Barra Funda do metrô (zona oeste de São Paulo).
O rapaz havia sido sequestrado 14 dias antes na região da avenida Paulista (centro), quando andava a pé.
Foi o quinto caso de 2001 -primeiro ano em que houve registro desse tipo de caso em São Paulo.



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