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Incor quer reduzir pacientes graves do SUS
Em crise financeira, hospital manifestou intenção de dar mais espaço ao atendimento de planos e seguros privados de saúde
Lembo disse ontem que a situação estava resolvida; fundação, porém, afirma não saber de negociação
da dívida com os bancos
DA REPORTAGEM LOCAL
No mesmo dia que o governador Cláudio Lembo (PFL)
disse ter intermediado um
acordo com bancos para resolver a crise no Incor, a Fundação
Zerbini, que administra o hospital, afirmou que nada foi resolvido -e manifestou intenção de reduzir o atendimento
de pacientes graves do SUS, que
seriam encaminhados a outras
instituições para dar mais espaço ao atendimento de planos e
seguros privados de saúde.
Ontem à tarde, o governador
disse que a crise na Fundação
Zerbini, que tem dívida de R$
245 milhões e corre risco de insolvência (comparável à falência), "estava resolvida". Sem
dar detalhes da transação,
Lembo disse que intermediou
um acordo da entidade com o
Bradesco, um dos credores da
dívida. Além disso, o governador afirmou que o banco Santander aceitou ser o agente financeiro em um pedido de empréstimo feito ao BNDES.
"Com isso, se equaciona a dívida, que é muito grave", disse o
governador de São Paulo.
"Não tenho nenhuma notícia
[da negociação]. É gozado, porque a Nossa Caixa [banco do
governo estadual] nem quis
conversar, foram quase grosseiros, e é um banco do Estado.
Mas é muito bom, tem que ver o
que negociou", afirmou Jorge
Kalil, presidente do conselho
curador da Fundação Zerbini.
Informada da declaração de
Kalil, a assessoria do governador informou que a ajuda ainda
não estava formalizada. Nenhum dos bancos citados confirmou os entendimentos.
Caso a fundação se torne insolvente, quem sofrerá são os
pacientes da rede pública (80%
do atendimento é dedicado ao
SUS). Equipamentos que pertencem à Zerbini serão usados
para pagar a dívida, e poderão
ocorrer problemas no atendimento, além de demissões.
Segundo Kalil, mesmo que os
entendimentos se realizem
com o Santander e o BNDES, a
situação ainda não ficará estabilizada, e a fundação terá de
dar continuidade a um plano de
contenção de gastos.
Para abrir mais espaço ao
atendimento de planos de saúde e, assim, arrecadar mais recursos, o Incor vai tentar repartir os pacientes graves, que ficam muito tempo ocupando
leitos do hospital, para instituições como o Hospital SP. O número de pacientes a serem
transferidos ainda depende de
negociações.
Luiz Barradas Barata, secretário da Saúde do Estado de São
Paulo, pasta a que o Incor está
subordinado, não quis falar da
crise.
(EVANDRO SPINELLI, FABIANE LEITE E FÁBIO TAKAHASHI)
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