São Paulo, sexta-feira, 10 de novembro de 2006

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"Norma acaba com a tortura", afirma médico

DA ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

O médico Roberto D'Àvila, corregedor do CFM, afirma que a resolução acabará com a "tortura" a que pacientes terminais são submetidos nas UTIs. Ele diz que, durante a elaboração da medida, recebeu apoio de representantes do Ministério Público e do Judiciário. (CC)

FOLHA - Como os médicos devem agir a partir de agora?
ROBERTO D'ÀVILA
- O médico deve reconhecer que não é invencível. Que a morte se aproxima do doente e deixar de fazer coisas que só causem sofrimento. Deve reconhecer a dignidade daquela vida, não permitindo que sinta dor, que fique ao lado da família.

FOLHA - Como será na prática?
D'ÀVILA
- Hoje, um paciente em terapia intensiva recebe até 178 procedimentos em 24 horas de UTI, desde uma punção venosa até aspiração, entubação, drenos. Que benefício é esse quando se trata de doente terminal e incurável? Há quem diga que isso é até uma forma de tortura. Então, com essa resolução, estamos dizendo: acabou a época da tortura.

FOLHA - Mas não há o risco de alegar que é uma eutanásia?
D'ÀVILA
- É possível, mas é um grande equívoco. Na eutanásia, há uma contribuição ativa de alguém. Eu injeto uma droga em alguém e a pessoa pára de respirar. Tenho uma atuação direta no fenômeno morte imediata. Nossa resolução é exatamente oposta. O que ela quer é acabar com a distanásia, que é a morte dolorosa, prolongada, e adotar a ortotanásia, que é a morte tranqüila, com o paciente sendo bem-acolhido no seu último momento.


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