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Secretário é denunciado por desacato
Se denúncia for aceita, Saulo de Castro Abreu Filho (Segurança) será réu em processo em que pode ser condenado a 2 anos de detenção
Ele não quis comentar as acusações de ter ofendido deputados estaduais em reunião em junho, época de ataques de facção criminosa
LAURA CAPRIGLIONE
DA REPORTAGEM LOCAL
Cinco meses depois de, em
uma reunião na Assembléia Legislativa, questionar a masculinidade de deputados, colocar
em dúvida os atributos intelectuais de outro, lançar dúvidas
sobre a honestidade de mais
um, de batucar e de dançar enquanto era ouvido, além de erguer o dedo médio ("gesto universalmente conhecido por sua
índole obscena, desabusada e
chula"), o secretário estadual
da Segurança Pública, Saulo de
Castro Abreu Filho, foi denunciado ontem por crime de desacato continuado pelo procurador-geral de Justiça do Estado
de São Paulo, Rodrigo César
Rebello Pinho.
Se a denúncia for aceita pelo
Tribunal de Justiça de São Paulo, Saulo se transformará em
réu de uma ação que pode lhe
custar de seis meses a dois anos
de detenção ou multa, acrescidos de um sexto a dois terços,
porque o crime foi cometido
em caráter continuado.
O secretário foi procurado
ontem, mas não se manifestou.
Uma das atitudes citadas na
denúncia: ao deputado petista
Ítalo Cardoso, que o inquiriu
sobre métodos de investigação
da polícia, o secretário respondeu: "Não dá para comentar,
explicar para criminoso como a
polícia atua". Como o deputado
insistiu, Saulo respondeu: "Pare com esse tom de machão, você não é assim, rapaz".
A reunião do secretário com
deputados aconteceu no dia 6
de junho em clima tenso, no
rastro dos ataques da facção
criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital). Cerca de 70
PMs fardados e armados, além
de policiais civis, do delegado-geral de polícia e do comandante-geral da PM dirigiram-se ao
prédio da Assembléia Legislativa em 40 veículos oficiais para
acompanhar a audiência.
Na ocasião, o governador
Cláudio Lembo disse que o
comportamento de Saulo era
"compreensível". Ontem, disse
via assessoria: "Esse é um assunto entre o secretário e o Ministério Público".
Saulo é membro licenciado
do Ministério Público. Com o
fim do mandato de Lembo, deve retornar ao posto de promotor criminal, onde terá como
chefe o procurador-geral de
Justiça do Estado, Rodrigo Pinho -o autor da denúncia.
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