São Paulo, sexta-feira, 10 de novembro de 2006

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Secretário é denunciado por desacato

Se denúncia for aceita, Saulo de Castro Abreu Filho (Segurança) será réu em processo em que pode ser condenado a 2 anos de detenção

Ele não quis comentar as acusações de ter ofendido deputados estaduais em reunião em junho, época de ataques de facção criminosa

LAURA CAPRIGLIONE
DA REPORTAGEM LOCAL

Cinco meses depois de, em uma reunião na Assembléia Legislativa, questionar a masculinidade de deputados, colocar em dúvida os atributos intelectuais de outro, lançar dúvidas sobre a honestidade de mais um, de batucar e de dançar enquanto era ouvido, além de erguer o dedo médio ("gesto universalmente conhecido por sua índole obscena, desabusada e chula"), o secretário estadual da Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, foi denunciado ontem por crime de desacato continuado pelo procurador-geral de Justiça do Estado de São Paulo, Rodrigo César Rebello Pinho.
Se a denúncia for aceita pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, Saulo se transformará em réu de uma ação que pode lhe custar de seis meses a dois anos de detenção ou multa, acrescidos de um sexto a dois terços, porque o crime foi cometido em caráter continuado.
O secretário foi procurado ontem, mas não se manifestou.
Uma das atitudes citadas na denúncia: ao deputado petista Ítalo Cardoso, que o inquiriu sobre métodos de investigação da polícia, o secretário respondeu: "Não dá para comentar, explicar para criminoso como a polícia atua". Como o deputado insistiu, Saulo respondeu: "Pare com esse tom de machão, você não é assim, rapaz".
A reunião do secretário com deputados aconteceu no dia 6 de junho em clima tenso, no rastro dos ataques da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital). Cerca de 70 PMs fardados e armados, além de policiais civis, do delegado-geral de polícia e do comandante-geral da PM dirigiram-se ao prédio da Assembléia Legislativa em 40 veículos oficiais para acompanhar a audiência.
Na ocasião, o governador Cláudio Lembo disse que o comportamento de Saulo era "compreensível". Ontem, disse via assessoria: "Esse é um assunto entre o secretário e o Ministério Público".
Saulo é membro licenciado do Ministério Público. Com o fim do mandato de Lembo, deve retornar ao posto de promotor criminal, onde terá como chefe o procurador-geral de Justiça do Estado, Rodrigo Pinho -o autor da denúncia.


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