São Paulo, sexta-feira, 10 de novembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ambulantes fecham o comércio e enfrentam policiais no Brás

Confusão ocorreu durante operação de retirada de barracas ilegais da rua Oriente

RICARDO GALLO
MARIANA TAMARI
DA REPORTAGEM LOCAL

Um confronto de camelôs com policiais militares e guardas-civis metropolitanos causou tumulto, obrigou comerciantes a fecharem as lojas e interditou o trânsito da rua Oriente, no Brás (centro) entre a madrugada e a manhã de ontem. A rua é um dos mais importantes centros comerciais de varejo de São Paulo.
Um caminhão foi incendiado por camelôs, que depredaram ainda um ônibus e viraram uma Kombi. Pelo menos dez pessoas, entre agentes de segurança e ambulantes, se feriram, nenhuma em estado grave. Dois camelôs foram detidos por desacato, mas liberados à tarde.
A confusão ocorreu durante uma operação de retirada dos 3.000 ambulantes da chamada feira da madrugada, que ocupa todos os dias a rua Oriente e suas principais travessas até as 6h. Segundo a prefeitura, a feira é ilegal e comercializa produtos contrabandeados e piratas.
Comandada pela Subprefeitura da Mooca e apoiada por cerca de 70 homens da PM e 75 da GCM, a operação começou à 0h. Equipes da prefeitura e da GCM impediam os camelôs de montar as barracas. Houve resistência dos ambulantes, que pedem à prefeitura a legalização da feira -a subprefeitura afirma que isso não vai ocorrer.
Mas os camelôs dizem não aceitar a determinação. "Amanhã às 2h estaremos no mesmo local", diz Afonso José da Silva, presidente do Sindicato dos Camelôs Independentes de SP.
Segundo Andrea Matarazzo, secretário da Coordenação das Subprefeituras, não há como legalizar a feira, pois, diz ele, os produtos ali vendidos são ilegais. "Só os ambulantes que têm autorização podem vender produtos. O resto não pode, muito menos pirataria, contrabando ou carga roubada." Ele não quis receber os ambulantes, que pediam uma reunião, e falou apenas com o vereador Cláudio Prado (PDT), que apresentou as reivindicações dos camelôs.

Confusão
O confronto começou por volta das 3h, quando, segundo a PM e a GCM, os ambulantes se agruparam e tentaram enfrentar as forças de segurança. O estopim foi um rojão solto por camelôs na direção dos policiais. Os agentes da GCM reagiram com cassetetes, enquanto, armados e com escudos, os policiais bloquearam as travessas da rua Oriente, contendo os manifestantes. A situação só foi normalizada por volta das 10h.
A PM chegou a usar bombas de efeito moral e granadas de luz -uma delas explodiu na mão de um policial, que sofreu queimaduras. Ele passa bem. Ambulantes mostravam à reportagem agressões nos braços e criticavam a violência de guardas e policiais.

Comerciantes
Com medo de represália por parte dos camelôs, que gritavam e chutavam portas, a maioria das 250 lojas da Oriente fechou as portas. A reabertura ocorreu após as 10h20, quase três horas depois do habitual.
"A esse horário eu já teria vendido R$ 3.000", disse, às 10h50, Luci de Freitas, gerente de uma loja. Até aquela hora, ela só havia vendido R$ 1.000. "O clima ruim afasta os clientes", disse Ervilaine Pereira da Silva, 27, também gerente de um estabelecimento na região.


Com KRISHNA MONTEIRO , colaboração para a Folha


Texto Anterior: Carreiras da USP têm diminuição na concorrência
Próximo Texto: Reinauguração: Escultura do 14 Bis volta a praça de SP
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.