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Ambulantes fecham o comércio e enfrentam policiais no Brás
Confusão ocorreu durante operação de retirada de barracas ilegais da rua Oriente
RICARDO GALLO
MARIANA TAMARI
DA REPORTAGEM LOCAL
Um confronto de camelôs
com policiais militares e guardas-civis metropolitanos causou tumulto, obrigou comerciantes a fecharem as lojas e interditou o trânsito da rua
Oriente, no Brás (centro) entre
a madrugada e a manhã de ontem. A rua é um dos mais importantes centros comerciais
de varejo de São Paulo.
Um caminhão foi incendiado
por camelôs, que depredaram
ainda um ônibus e viraram uma
Kombi. Pelo menos dez pessoas, entre agentes de segurança e ambulantes, se feriram, nenhuma em estado grave. Dois
camelôs foram detidos por desacato, mas liberados à tarde.
A confusão ocorreu durante
uma operação de retirada dos
3.000 ambulantes da chamada
feira da madrugada, que ocupa
todos os dias a rua Oriente e
suas principais travessas até as
6h. Segundo a prefeitura, a feira
é ilegal e comercializa produtos
contrabandeados e piratas.
Comandada pela Subprefeitura da Mooca e apoiada por
cerca de 70 homens da PM e 75
da GCM, a operação começou à
0h. Equipes da prefeitura e da
GCM impediam os camelôs de
montar as barracas. Houve resistência dos ambulantes, que
pedem à prefeitura a legalização da feira -a subprefeitura
afirma que isso não vai ocorrer.
Mas os camelôs dizem não
aceitar a determinação. "Amanhã às 2h estaremos no mesmo
local", diz Afonso José da Silva,
presidente do Sindicato dos
Camelôs Independentes de SP.
Segundo Andrea Matarazzo,
secretário da Coordenação das
Subprefeituras, não há como
legalizar a feira, pois, diz ele, os
produtos ali vendidos são ilegais. "Só os ambulantes que
têm autorização podem vender
produtos. O resto não pode,
muito menos pirataria, contrabando ou carga roubada."
Ele não quis receber os ambulantes, que pediam uma reunião, e falou apenas com o vereador Cláudio Prado (PDT),
que apresentou as reivindicações dos camelôs.
Confusão
O confronto começou por
volta das 3h, quando, segundo a
PM e a GCM, os ambulantes se
agruparam e tentaram enfrentar as forças de segurança. O estopim foi um rojão solto por camelôs na direção dos policiais.
Os agentes da GCM reagiram
com cassetetes, enquanto, armados e com escudos, os policiais bloquearam as travessas
da rua Oriente, contendo os
manifestantes. A situação só foi
normalizada por volta das 10h.
A PM chegou a usar bombas
de efeito moral e granadas de
luz -uma delas explodiu na
mão de um policial, que sofreu
queimaduras. Ele passa bem.
Ambulantes mostravam à reportagem agressões nos braços
e criticavam a violência de
guardas e policiais.
Comerciantes
Com medo de represália por
parte dos camelôs, que gritavam e chutavam portas, a maioria das 250 lojas da Oriente fechou as portas. A reabertura
ocorreu após as 10h20, quase
três horas depois do habitual.
"A esse horário eu já teria vendido R$ 3.000", disse, às 10h50,
Luci de Freitas, gerente de uma
loja. Até aquela hora, ela só havia vendido R$ 1.000.
"O clima ruim afasta os clientes", disse Ervilaine Pereira da
Silva, 27, também gerente de
um estabelecimento na região.
Com KRISHNA MONTEIRO , colaboração para a
Folha
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