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Ecstasy é produzido em "fundo de quintal" no Rio
Droga chegou ao Brasil contrabandeada da Europa
MÁRCIA BRASIL
DA SUCURSAL DO RIO
Contrabandeado da Europa a
partir dos anos 90, o ecstasy já
começou a ser produzido também em laboratórios de fundo
de quintal na região Sudeste,
segundo investigações policiais
e relatos de jovens envolvidos
com o consumo das drogas sintéticas.
Os coloridos comprimidos de
ecstasy, conhecidos como "balas" ou "pastilhas", estão tomando espaço da cocaína e da
maconha nos hábitos de consumo de jovens de classe média.
A afirmação é sustentada pela polícia do Rio, por especialistas da área de saúde e por freqüentadores de festas raves,
que preferem atribuir o aumento de casos de morte e internações por overdose à má
qualidade da droga "genérica"
produzida aqui.
A titular da DCOD (Delegacia
de Combate às Drogas), Patrícia Aguiar, coordenadora da
operação que há dois dias prendeu uma quadrilha de jovens de
classe média alta na zona sul do
Rio, diz que comprimidos de
ecstasy estão sendo fabricados
no Estado.
"Há indícios de que existam
laboratórios de drogas sintéticas montados em favelas. Acredito que muitos jovens busquem esses comprimidos para
vender no asfalto. Está cada vez
mais difícil prender [as quadrilhas] pelo fato de os traficantes
estarem cada vez mais preparados e temerosos de falar ao telefone [por causa das escutas]
ou traficar", disse a delegada.
Responsável pela prisão de
cinco jovens de classe média,
traficantes de drogas sintética,
há dez dias no Recreio dos Bandeirantes, zona oeste, o delegado Eduardo Freitas, da 20ª DP
(Vila Isabel), aponta a existência de um laboratório caseiro
de drogas sintéticas bem próximo do Rio. "Em nossa investigação, identificamos um laboratório de ecstasy e LSD que fica em uma grande cidade. Só
posso dizer isso, já que estou
trabalhando para fechá-lo em
breve", afirmou o policial.
Segundo ele, essa "fábrica"
responde por uma parcela muito pequena do abastecimento
no mercado das drogas sintéticas, mas a polícia já está "muito
preocupada com os rumos da
produção caseira de ecstasy".
Ecstasy x cocaína
Sobre a troca da cocaína pelo
ecstasy, os delegados cariocas
têm explicações semelhantes
para a preferência dos jovens
de classe média pelas drogas
sintética em relação as drogas
convencionais como a maconha e cocaína.
"O jovem de classe média não
acredita que ingerir e vender o
comprimido seja crime. Mas é.
Além disso, consumindo ecstasy, o jovem não precisa subir
morros, entrar em favelas e ter
contato com bandidos que portam armas. O comprimido é pequeno e fácil de ser escondido.
Não deixa cheiro, não suja as
mãos. Por isso as vendas das
outras drogas estão em declínio
entre eles", analisa Freitas.
De acordo com informações
da PF (Polícia Federal), baseadas em apreensões, o ecstasy é
a segunda droga mais consumida no país. De 2002 a 2005 foram apreendidos 220.062 comprimidos. Entre janeiro de
2006 a outubro de 2007 a
apreensão quase se igualou: foram 196.420 comprimidos.
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