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Dois ex-PMs são suspeitos de mortes em série em parque
Polícia investiga os ex-policiais como possíveis autores, mas não os considera cúmplices; nomes não foram divulgados
Um deles é acusado de
matar travesti em outubro
em Osasco; outro foi
condenado por mortes de
seis travestis em São Paulo
ANDRÉ CARAMANTE
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Civil investiga dois
ex-policiais militares como
suspeitos pela série de 13 assassinatos ocorridos no parque
dos Paturis, em Carapicuíba,
próximo a Alphaville, na Grande São Paulo. Eles fazem parte
de duas linhas de investigação.
Os crimes são atribuídos ao
chamado "maníaco do arco-íris" -alusão à bandeira colorida da comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais)- porque todos esses assassinatos ocorreram dentro do parque que, à
noite, é conhecido como ponto
de encontro de homossexuais.
Para não atrapalhar as investigações, a polícia não revela os
nomes dos ex-policiais. Afirma,
porém, que eles não são investigados como cúmplices.
Os 13 homens foram mortos
no parque entre julho de 2007 e
agosto deste ano, durante a noite e a madrugada -período em
que predominam os freqüentadores gays. Para o delegado seccional de Carapicuíba, Paulo
Fernando Fortunato, a maioria
dos mortos era homossexual
porque "o assassino odeia homossexuais" e porque "acredita
fazer uma limpeza".
Onze das 13 vítimas foram
baleadas na cabeça; dos outros
dois, um foi baleado nas costas
e outro morreu com pauladas
na cabeça. Nada foi roubado.
Um dos ex-policiais militares
foi localizado em 17 de outubro
deste ano. Sargento reformado
da Polícia Militar de São Paulo,
ele é alvo de uma apuração da
polícia sobre a morte do travesti Pedro João Itavan Peixoto,
27, conhecido como Pamela.
Peixoto foi morto em Osasco,
cidade vizinha de Carapicuíba.
Ele foi achado com um tiro na
cabeça. Segundo a Polícia Civil,
horas antes do assassinato, o
travesti e o ex-PM se registraram juntos num hotel, onde
passaram algumas horas.
Por conta da morte de Peixoto, a polícia chegou a pedir a decretação da prisão temporária
-por 30 dias- do sargento reformado, mas a Justiça não a
concedeu. Apenas um mandado de busca e apreensão foi
cumprido na casa do ex-PM,
mas não foi encontrado nada
que o ligasse ao crime.
Submetido a uma sessão de
reconhecimento pessoal por
parte de um comerciante freqüentador assíduo do parque,
cujo relato a Folha noticiou
ontem, o sargento reformado
foi apontado como um dos homens que vão ao Paturis constantemente e à noite.
O segundo ex-PM investigado ficou conhecido na década
de 1990 como o "matador de
travestis". Ele chegou a ser
condenado por seis assassinatos de travestis. As mortes, assim como 11 das 13 ocorridas
no Paturis, foram cometidas
com um revólver 38.
Os crimes contra travestis
atribuídos a esse ex-PM ocorreram nas zonas sul e leste de
São Paulo. A polícia de Carapicuíba já recebeu fotos atualizadas dele para utilizá-las na busca do "maníaco do arco-íris".
Ele também é réu no processo
do chamado "massacre do Carandiru", quando, em 2 de outubro de 1992, a tropa de choque da PM invadiu a extinta
Casa de Detenção do Carandiru e matou 111 detentos.
Arrepios
Em um evento ontem em Carapicuíba, próximo ao parque
dos Paturis, o governador José
Serra disse acreditar no sucesso das investigações e ter sentindo "arrepios" ao ouvir do delegado Fortunato os detalhes
da atuação do assassino em série. "Eu senti arrepios. Um assassinato em série sempre é
mais assustador do que um assassinato cometido por motivos vários. É coisa planejada,
doentia e muito perigosa".
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