São Paulo, sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

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Só elite dos alunos faz nota do país subir

Crescimento da média do Brasil em leitura no Pisa é puxado pelos estudantes que já tinham bom desempenho

Praticamente não houve avanço na nota dos jovens brasileiros com mais atraso, feito alcançado por 12 países


FÁBIO TAKAHASHI
DE SÃO PAULO

A melhora das notas do Brasil em leitura na avaliação internacional divulgada nesta semana foi puxada pelos alunos que já possuíam bom desempenho. Entre os estudantes com mais dificuldade, o ganho foi quase nulo.
A constatação aparece no detalhamento do rendimento dos países no Pisa, exame da OCDE (organização de nações desenvolvidas) que avaliou a situação de 65 países.
Na média, a nota do Brasil em leitura cresceu 16 pontos (4%) entre 2000 e 2009, o que foi classificado no relatório como "impressionante".
O avanço, porém, foi impulsionado pelos estudantes que estão entre os 10% mais bem avaliados, cujas médias subiram 30 pontos. Já entre os 10% mais mal avaliados, o avanço foi de 5 pontos.
Por conta do resultado, o país entrou no grupo que avançou nas notas, mas aumentou a desigualdade.
"O Brasil aumentou o desempenho em leitura dos seus melhores estudantes, enquanto manteve o nível daqueles com mais dificuldades", apontou o relatório.
Doze países conseguiram melhorar seus estudantes com pior desempenho, entre eles Chile, Peru e Alemanha.
"Os dados deveriam despertar uma rediscussão de nossas políticas", disse Paula Louzano, doutora em educação por Harvard (EUA). Para ela, o país precisa adotar medidas para ajudar os alunos nas piores condições.
A defasagem entre os grupos aumentou: em 2000, era como se os melhores alunos tivessem tido cinco anos e meio de estudo a mais que os piores; agora, a diferença foi para seis anos.

CHILE
A maior melhora entre alunos com mais dificuldades ocorreu no Chile. O relatório destaca que em 1980 o país universalizou o ensino básico (quase 20 anos antes que o Brasil) e, nos anos 1990, já pôde se focar na qualidade.
"O mais importante foi manter uma política de longo prazo", disse à Folha José Weinstein, vice-ministro da Educação do Chile no começo desta década. "Para melhorar a equidade, o mais interessante foi destinar mais recursos a escolas que atendem estudantes pobres. E, ao mesmo tempo, exigir uma melhora em quatro anos."


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