São Paulo, domingo, 11 de janeiro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

DIPLOMACIA

Decisão foi tomada após reunião com Lula; texto também prevê criação de grupo para propor novos procedimentos

Portaria do governo mantém fichamento

LUIS RENATO STRAUSS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério das Relações Exteriores edita amanhã uma portaria que mantém o fichamento dos turistas norte-americanos que chegam ao Brasil. A decisão foi tomada ontem após uma reunião no Palácio da Alvorada entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro Celso Amorim (Relações Exteriores).
Será criado um grupo que proporá procedimentos de controle do ingresso de estrangeiros no país. Enquanto não houver essa definição, "serão mantidos os atualmente adotados para identificação de estrangeiros com fundamento no princípio da reciprocidade nas relações internacionais". O fichamento de americanos é uma determinação da Justiça brasileira, que se amparou no princípio da reciprocidade, uma vez que os EUA -alegando questões de segurança- vêm fazendo o mesmo com brasileiros e cidadãos de outros países.
Amorim afirmou que o presidente deve tratar do assunto com o presidente dos EUA, George Bush. Lula viaja hoje ao México para a Cúpula das Américas.
"Se nós estamos querendo uma integração das Américas, é normal que não haja dificuldades, mas facilidades para as pessoas. Nós respeitamos e entendemos os problemas de segurança dos EUA, mas é preciso encontrar uma solução que dê um tratamento digno ao cidadão de todos os países e com base no princípio de reciprocidade", disse Amorim.
A decisão judicial vem desagradando aos turistas. Até anteontem, segundo a Embratur, aproximadamente 1.200 pessoas haviam cancelado a vinda ao Brasil devido ao fichamento de americanos.
Os norte-americanos, segundo a Embratur, são o segundo maior grupo de turistas estrangeiros no Brasil, perdendo apenas para os argentinos. Em 2002, mais de 600 mil desembarcaram no país.
A decisão tomada pela Justiça Federal de Mato Grosso não tem agradado ao Ministério do Turismo e à Embratur, que criticam a identificação obrigatória -recolhimento de impressões digitais e fotos- de todos os americanos que cheguem ao país.
A medida tem causado filas nos aeroportos. O governo deve recorrer da decisão, argumentando que não cabe à Justiça, mas ao Executivo e ao Legislativo, definir a política externa do país. Na conversa com Bush, Lula também deve negar que haja um movimento antiamericano no continente.



Texto Anterior: Mortes violentas superam as de São Paulo
Próximo Texto: Multimídia - The New York Times: Para "NYT", fichamento gera tensão entre Brasil e EUA
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.