DA FOLHA RIBEIRÃO

O sobrevivente Arnaldo Ferreira dos Santos, 21, chegou a ouvir sua mulher, Giselen Patrícia Correia, 17, pedir socorro antes de desaparecer na correnteza. Ela não havia sido localizada até as 14h de ontem. Os dois ficaram agarrados um ao outro até o ônibus cair no córrego. "Ela gritava: "Não me deixa morrer". Veio a água e ela sumiu. Acho que nunca mais [vou vê-la]", afirmou.
Santos, que ficou cerca de duas horas sobre o veículo aguardando o resgate, pode ter sido responsável pelo salvamento de algumas pessoas. Logo que o ônibus começou a cair no córrego, ele abriu a trava de segurança da saída de emergência. O vidro caiu, e pessoas conseguiram descer antes de o ônibus virar.
""Foram uns cinco minutos que pareceram cinco horas. Minha mulher foi levada por baixo de uma grade de proteção do ônibus. Consegui nadar e fiquei esperando o socorro", diz Santos.
No emprego de apanhador de laranja há um mês, Adenilson Rogério Movio, 25, disse que o principal problema foi que o motorista não "achou" o freio do veículo. "Na hora que ele viu que não dava, firmou [sic] o volante para não bater nos outros veículos. Paramos no meio do rio."
Abatido e com escoriações, o motorista e dono do ônibus é Gil Gonçalves Sena, 40. Na tarde de ontem, em sua casa, em Taquaral, ele ainda esperava informações de duas irmãs e sua mulher, que continuavam desaparecidas.
Elas também eram apanhadoras de laranja e estavam no ônibus, além de outras quatro pessoas da família. Pelo menos uma delas, um sobrinho, morreu afogado depois do acidente.
Alguns passageiros deixaram o veículo para esperar o volume da água abaixar. Uma "grande onda" teria se formado, diz o motorista, levando o ônibus e os passageiros que estavam fora dele. Sena afirmou que acabou sendo arrastado e que engoliu muita água.



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