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SP transfere 40 presas de cadeia superlotada
Cadeia Pública Feminina de Monte Mor, na região de Campinas, tem capacidade para 12 presas, mas abrigava ontem 119
Em 2005, juíza determinou que o local fosse interditado parcialmente, mas o Estado recorreu e conseguiu mandar mais presas para lá
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS
O governador José Serra
(PSDB) determinou ontem a
transferência de 40 das 119 presas da Cadeia Pública Feminina
de Monte Mor para outras cadeias públicas com celas femininas na região de Campinas.
A decisão foi tomada um dia
após a Folha revelar as condições em que as presas eram
mantidas. Além da superlotação [a cadeia tem capacidade
para 12 pessoas], elas dizem
que há infestações de ratos,
piolhos e sarna no local.
Segundo nota da assessoria
de imprensa de Serra, "40 delas
serão levadas para unidades da
região com melhor capacidade
de atendimento" ainda hoje.
Os locais não foram divulgados por questões de segurança,
de acordo com a assessoria da
Secretaria da Segurança Pública do Estado. O órgão também
não revelou se há vagas suficientes nos locais que irão receber as detentas.
Segundo a secretaria, além
das 40, outras três serão transferidas em breve. A cadeia, porém, continua superlotada -76
presas onde cabem 12. No local,
há duas celas de 25 metros quadrados cada uma. Com a superlotação, as presas ocupam ainda um pátio de 50 metros quadrados -sem cobertura-, onde a maioria dorme.
A ONU (Organização das Nações Unidas) determina um
mínimo de seis metros quadrados para cada preso. Em Monte
Mor, há 0,84 metro quadrado
para cada presa, incluindo as
celas e o pátio.
Das 43 presas que serão
transferidas, 9 são condenadas.
A assessoria não revelou se as
grávidas estão nesse grupo.
O delegado seccional de
Americana (SP), Paulo Jodas,
responsável pela cidade de
Monte Mor, disse ontem que
todas as cadeias das nove cidades sob sua jurisdição estão interditadas ou parcialmente interditadas e, portanto, impedidas de receber presas. Elas devem ir para Campinas e região.
"O número de mulheres presas vem aumentando. A maioria delas é presa por tráfico de
drogas, crime que não permite
que a Justiça dê liberdade provisória", disse Jodas.
Segundo nota da assessoria
de Serra, estão em construção
oito presídios femininos.
Em 2005, a Justiça determinou que a Cadeia Pública Feminina de Monte Mor fosse interditada parcialmente por superlotação, mas o governo de
São Paulo recorreu da decisão e
conseguiu continuar a mandar
presas para o local. Na época, a
cadeia tinha 79 mulheres.
Na sentença em primeira
instância, a juíza Lissandra
Dias Reis, de Monte Mor, afirma que o Estado era "omisso" e
decidiu obrigá-lo a promover
obras "para que atendessem às
normas de segurança e às exigências de salubridade" e a "remover da cadeia para estabelecimento adequados todos os
condenados definitivos".
A assessoria do governador
não comentou o fato de o Estado ter recorrido da interdição
em 2005. Na época da decisão
em primeira instância, o governador era o também tucano
Geraldo Alckmin. O processo
continua em trâmite no Tribunal de Justiça de São Paulo.
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