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Nordeste tem mais alunos no ensino infantil
DA SUCURSAL DO RIO
Há vários estudos que mostram que o acesso à pré-escola
melhora o rendimento no ensino fundamental e ajuda a diminuir a desigualdade. No entanto, para o matemático Ruben
Klein, autor de um desses estudos, para que o efeito seja completo, é preciso garantir qualidade, o que não ocorre hoje.
Prova disso, diz ele, é que a
região com maior acesso à pré-escola é, segundo o IBGE, o
Nordeste, com 79% de crianças
de quatro e cinco anos na escola. No Sul, a proporção é de
59%. Nas avaliações feitas com
alunos no ensino fundamental,
no entanto, as médias do Sul
são maiores.
"Ter feito pré-escola faz diferença, mas poderia fazer muito
mais, se essas crianças já começassem a aprender a contar, reconhecer números, ler. Isso pode ser feito por meio de jogos e
atividades adequadas a essa faixa etária", afirma Klein.
Há quase consenso entre
educadores de que ampliar o
acesso à pré-escola é um dos caminhos para reduzir a desigualdade. No caso da creche, no entanto, especialistas divergem a
respeito da melhor política de
atendimento às crianças de zero a três anos.
Para o economista Ricardo
Paes e Barros, do Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada,
programas de visitação familiar, em que agentes ensinam
pais a cuidarem dos filhos, são
mais viáveis economicamente
de serem aplicados em larga escala do que as creches.
João Batista Oliveira, do Instituto Alfa e Beto, concorda:
"[Ter] Uma creche de alta qualidade é ótimo, mas custa caro.
Com poucos recursos, universalizar creche ruim, com profissionais despreparados e tendo
que cuidar de muitas crianças, é
péssima política, pois, em vez
de ajudar, pode até prejudicar o
desenvolvimento cognitivo".
A questão, no entanto, é complexa, pois o acesso à creche
acarreta também impactos na
inserção da mulher no mercado
de trabalho, aumentando a sua
renda.
Além disso, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios,
do IBGE, mostra que o acesso é
bastante desigual.
Nas famílias com rendimento per capita inferior a 1/4 de
salário mínimo, apenas uma
em cada dez crianças de zero a
três anos está na creche. Já nas
mais ricas, com rendimento superior a cinco salários mínimos
per capita, quase a metade
(46%) está matriculada.
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