São Paulo, segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

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Nordeste tem mais alunos no ensino infantil

DA SUCURSAL DO RIO

Há vários estudos que mostram que o acesso à pré-escola melhora o rendimento no ensino fundamental e ajuda a diminuir a desigualdade. No entanto, para o matemático Ruben Klein, autor de um desses estudos, para que o efeito seja completo, é preciso garantir qualidade, o que não ocorre hoje.
Prova disso, diz ele, é que a região com maior acesso à pré-escola é, segundo o IBGE, o Nordeste, com 79% de crianças de quatro e cinco anos na escola. No Sul, a proporção é de 59%. Nas avaliações feitas com alunos no ensino fundamental, no entanto, as médias do Sul são maiores.
"Ter feito pré-escola faz diferença, mas poderia fazer muito mais, se essas crianças já começassem a aprender a contar, reconhecer números, ler. Isso pode ser feito por meio de jogos e atividades adequadas a essa faixa etária", afirma Klein.
Há quase consenso entre educadores de que ampliar o acesso à pré-escola é um dos caminhos para reduzir a desigualdade. No caso da creche, no entanto, especialistas divergem a respeito da melhor política de atendimento às crianças de zero a três anos.
Para o economista Ricardo Paes e Barros, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, programas de visitação familiar, em que agentes ensinam pais a cuidarem dos filhos, são mais viáveis economicamente de serem aplicados em larga escala do que as creches.
João Batista Oliveira, do Instituto Alfa e Beto, concorda: "[Ter] Uma creche de alta qualidade é ótimo, mas custa caro. Com poucos recursos, universalizar creche ruim, com profissionais despreparados e tendo que cuidar de muitas crianças, é péssima política, pois, em vez de ajudar, pode até prejudicar o desenvolvimento cognitivo".
A questão, no entanto, é complexa, pois o acesso à creche acarreta também impactos na inserção da mulher no mercado de trabalho, aumentando a sua renda.
Além disso, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do IBGE, mostra que o acesso é bastante desigual.
Nas famílias com rendimento per capita inferior a 1/4 de salário mínimo, apenas uma em cada dez crianças de zero a três anos está na creche. Já nas mais ricas, com rendimento superior a cinco salários mínimos per capita, quase a metade (46%) está matriculada.


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