São Paulo, terça-feira, 11 de janeiro de 2011

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Novo chefe da polícia vai proibir latim em registros

Novo delegado-geral diz que veto à língua tem o objetivo de acabar com a cultura cartorária nas delegacias

MARIO CESAR CARVALHO
AFONSO BENITES
DE SÃO PAULO

O novo delegado-geral de São Paulo, Marcos Carneiro, quer matar uma língua morta -o latim. Ele disse ontem que vai proibir o uso de expressões do idioma em boletins de ocorrência.
"É um absurdo escrever em latim numa situação que exige objetividade", decretou, atacando termos como "ad cautelam" (por cautela).
O delegado, que assumiu o cargo ontem, disse que o "Diário Oficial" publicará portaria com o veto de latim em boletins e memorandos.
Ele diz que, além de obscuras, as expressões em latim são escritas de forma errada.
O fim do latim faz parte de uma tentativa do delegado de trazer a Polícia Civil para o século 21, com a criação de uma nova cultura de investigação, segundo ele.
"Hoje existe na polícia uma cultura cartorária para desvendar crimes", afirmou Carneiro. O trabalho de ouvir testemunhas tem mais peso do que a investigação na cena do crime, diz ele. "É inadmissível."

CORRUPÇÃO
Em entrevista coletiva, ele atacou a corrupção policial. "O policial bandido é pior do que o bandido. Não existe banda podre da polícia. Existem policiais podres", disse.
Carneiro disse a melhora de atendimento em delegacias também é prioritário.
Uma das providências para melhorar, anuncia, será a criação de um sistema de computação que funcione mesmo quando cai a rede, eliminando a desculpa de que "o sistema caiu".
Carneiro disse que é contra delegados e investigadores terem empresas de segurança, por conflito de interesse: quanto maior a insegurança, melhor o negócio.
Um dos policiais mais próximos de Carneiro, cotado para assumir o Demacro, é o delegado Youssef Abou Chahin, que era dono de uma empresa na área e diz ter se desfeito do negócio em 2007.
Ao ser indagado se a saída do delegado da empresa não era apenas protocolar, como fazem outros policiais, ele disse que cabe à corregedoria apurar esse tipo de desvio.


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