|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
HOSPITAIS
Medida barra flexibilização da regra que exige percentual de atendimento ao SUS em troca de isenção de impostos
Revogado decreto que beneficia filantrópicos
JOSIAS DE SOUZA
DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva revogou decreto assinado no
apagar das luzes do governo FHC,
para beneficiar hospitais filantrópicos. A decisão foi publicada ontem no "Diário Oficial" da União.
Contraria o interesse de mais de
uma centena de hospitais, entre
eles o Sírio Libanês e o Albert
Einstein, ambos de São Paulo.
O decreto revogado é o de número 4.481. Fora editado por Fernando Henrique Cardoso em 22
de novembro. A equipe de transição de Lula não havia sido consultada a respeito.
Hospitais filantrópicos não pagam impostos. Em troca, precisam reservar 60% de seus atendimentos para a clientela pobre do
SUS (Sistema Único de Saúde).
Entidades como o Einstein e o Sírio não atingem o percentual.
O Sírio teve o certificado filantrópico cassado. O Einstein manteve o seu, mas um recurso do
INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) pede que ele seja revogado. O decreto que Lula tornou
sem efeito flexibilizava as regras
da filantropia, beneficiando os
hospitais.
Classificados como "estratégicas", organizações como o Sírio e
o Einstein haviam sido liberadas
da regra dos 60% de SUS.
O percentual passara a variar de
20% a 30%. Calculados não mais
sobre a totalidade dos procedimentos, mas sobre uma cartela de
atendimentos de "alta complexidade" -transplantes de órgãos e
tratamentos oncológicos, por
exemplo.
O decreto concedia a hospitais
filantrópicos que não atendiam
pelo SUS, caso do Sírio Libanês, o
prazo de um ano para se ajustar às
novas regras. Com a revogação,
volta a vigorar a norma anterior.
Ou seja, para fazer jus à isenção de
tributos, os hospitais precisarão
se abrir à clientela pobre.
Privilégio
Na exposição de motivos que
encaminhou ao Palácio do Planalto, o ministro da Saúde, Humberto Costa, anotou que o decreto de
FHC estabelecia "tratamento privilegiado a alguns hospitais privados". Seu secretário de Atenção à
Saúde, Jorge Sola, oferece outro
argumento que levou à revogação.
"Em vez de ampliar o atendimento pelo SUS, o decreto levaria
a uma redução de oferta. Hospitais que respeitavam a regra dos
60% estavam sendo estimulados a
reduzir esse percentual", disse.
Entre os hospitais que se enquadram na regra dos 60% está a paulistana Beneficência Portuguesa,
dirigida pelo empresário Antônio
Ermírio de Moraes (Grupo Votorantin).
O médico Raul Cutait, dirigente
do Sírio Libanês, era ferrenho defensor da manutenção do decreto
de FHC. Achava que, primeiro,
era preciso dar tempo para a aplicação das novas regras. Só então
se poderia avaliar a sua eficácia.
Cláudio Lottenberg, presidente
do Einstein, também era favorável à manutenção do decreto.
Texto Anterior: Mortes Próximo Texto: Dengue: Casos crescem 59% no Estado de São Paulo em relação a janeiro Índice
|