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Programas foram desativados
DA REPORTAGEM LOCAL
O aumento das mortes de civis
pela PM coincide com o fim de
dois programas estaduais de controle da atividade policial em operações com vítimas fatais.
Em 2002, a comissão sobre letalidade das ações envolvendo policiais foi desativada. Criada no ano
anterior pela Secretaria da Segurança Pública, era formada pelas
polícias Civil e Militar, Ouvidoria,
o Instituto São Paulo contra a
Violência e o Núcleo de Estudos
da Violência da USP.
O objetivo era estudar as ações
policiais com morte, apontar irregularidades e soluções. Em 2001,
quando a comissão fez o primeiro
relatório, o número de civis mortos pela PM -só os casos de confrontos com PMs em serviço-
caiu 26,5% em relação a 2000.
"Era uma comissão séria, que
realmente influiu na queda das
ocorrências com morte", afirma o
ouvidor da Polícia de São Paulo,
Itajiba Farias Ferreira Cravo. A
partir de 2002, a comissão não foi
mais convocada pela secretaria.
Em julho de 2002, a PM extinguiu o Proar (Programa de
Acompanhamento a Policiais Militares Envolvidos em Ocorrências de Alto Risco), criado em
1995 pelo então governador Mário Covas, junto com a Ouvidoria
da Polícia de São Paulo. No final
do ano, o número de mortos pela
PM subiu de 385, em 2001, para
541. Em 2003, foram 756.
O Proar previa o afastamento
automático do PM envolvido em
uma ação que resultasse em morte. Em 1996, primeiro ano de sua
vigência, o número de civis mortos pela PM registrou o menor índice desde 1990. Em seu lugar, foi
criado um programa de acompanhamento e apoio do policial. Nele, o PM é avaliado por técnicos e
só é afastado se for identificado algum problema psicológico.
"Qualquer mecanismo de controle para reduzir a letalidade é
positivo. A polícia foi criada, em
princípio, para efetuar prisões e
coletar provas. A morte não pode
ser vista como algo natural nesse
processo", afirmou o promotor
Carlos Cardoso, assessor de direitos humanos da Procuradoria Geral de Justiça.
Para o corregedor da PM, coronel Paulo Máximo, o afastamento
automático previsto no Proar foi
extinto porque era interpretado
como uma punição antecipada
do policial. Indicado pela Secretaria da Segurança Pública para comentar o caso, ele também disse
que a comissão especial não foi
extinta, mas não soube precisar
quais atividades ela ainda realiza.
Segundo a PM, houve aumento
dos confrontos, o que explica as
estatísticas criminais.
(GP)
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