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Mesmo avisada, prefeitura não tapa buraco
Gestão do prefeito Gilberto Kassab ignorou 29 dos 57 pedidos de reparo feitos pela Folha em um intervalo de dez dias
Reportagem registrou na internet pedido de conserto, como a prefeitura orienta a população a fazer; meta de Kassab é tapar buraco em 48 h
ALENCAR IZIDORO
MARIANA BARROS
DA REPORTAGEM LOCAL
Um buraco pega motoristas e
motociclistas de surpresa numa esquina da rua Ministro
Ferreira Alves, em Perdizes
(zona oeste), com risco iminente de acidentes. Na avenida
Pompeia, ônibus param no
meio da via para embarcar os
passageiros e evitar um buraco
profundo, que já virou uma bacia de água vizinha ao ponto.
Avisada há mais de dez dias
dos problemas, a gestão Gilberto Kassab (DEM) ignorou os
pedidos para resolvê-los.
A Folha acompanhou a situação de 57 buracos durante
duas semanas, em vias atendidas pelas subprefeituras de Pinheiros, Lapa, Sé, Santo Amaro
e Vila Mariana. Mesmo ciente
de cada deficiência, a prefeitura deixou de tapar no intervalo
de dez dias mais de metade dos
buracos monitorados.
A gestão Kassab diz que a sua
meta é realizar em até 48 horas
os serviços de tapa-buraco solicitados pela população em São
Paulo. Faz uma ressalva: diante
das dificuldades em alguns períodos, considera "razoável" a
solução em até cinco dias.
Os exemplos revelam, porém, que nas últimas semanas
os prazos não só ficaram muito
distantes da meta como fugiram do limite do "razoável".
Sem se identificar como jornalista, a reportagem seguiu as
orientações da prefeitura de
avisá-la formalmente, registrando na internet uma solicitação de tapa-buraco, detalhando rua e número.
Dez dias depois das queixas,
29 dos buracos permaneciam
abertos, inclusive casos que
ameaçam a segurança viária.
Eles foram mantidos mesmo
após a gestão Kassab ter iniciado mutirões sob a justificativa
de acelerar os serviços diante
da sequência de dias chuvosos.
Os buracos mapeados são de
tamanhos diversos, de meio a
mais de dois metros. Além dos
que não foram tapados, novos
surgiram em vias próximas.
Os problemas identificados
não representam apenas uma
ameaça de furar pneus ou estragar a suspensão do veículo.
Em alguns pontos, carros invadem a contramão para desviar dos buracos -como na rua
Barão da Passagem, na Vila
Leopoldina. Na Froben, na
mesma região, a calçada era invadida pelos automóveis no final de janeiro para escapar da
sequência de crateras. Operários de uma obra resolveram
até improvisar os reparos jogando pedras na via.
No corredor de ônibus das
avenidas Santo Amaro e São
Gabriel, os motoristas andam
até mais devagar para se precaver das deficiências no pavimento. A reportagem avisou a
prefeitura -mas 14 seguiam
intocados depois de dez dias.
"Este aqui se formou na semana passada. Aquele outro, já
faz mais de um mês. Ali na
frente tinha outro, mas taparam", diz Lourival Freire, 36,
frentista que trabalha na via.
O descumprimento dos prazos atinge inclusive uma via
movimentada como a marginal
Pinheiros e também uma área
nobre como Alto de Pinheiros.
Lá, um buraco com mais de
um metro de extensão não foi
tapado, apesar do alerta e de
atrapalhar diretamente a passagem dos ônibus que entram
na rua Pio 11. A solução adotada
foi só a colocação de um cone.
"Moro aqui há 37 anos. Qualquer chuva mais forte sempre
dá nisso", diz Oscar, 80, morador de um condomínio vizinho.
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