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São Paulo, terça-feira, 11 de março de 2003

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Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, entre outros, citam tribunais de contas ao contestar avaliação ministerial

Estados discordam de parâmetros adotados

DA REPORTAGEM LOCAL

Parte dos Estados que descumpriram a emenda constitucional nš 29 não concordaram com os parâmetros utilizados na avaliação do Ministério da Saúde.
"A secretaria não é obrigada a previamente concordar que o Sistema de Informação sobre Orçamentos Públicos em Saúde [utilizado na análise do ministério] esteja mais correto que o Tribunal de Contas, que fiscaliza regularmente e tem poder constitucional para isso", disse o secretário estadual da Saúde do Rio, Gilson Cantarino O'Dwyer.
O Siops é um sistema alimentado pelos próprios Estados. Segundo O'Dwyer, algum erro pode ter ocorrido. Disse ainda que a secretaria não recebeu a informação oficialmente do ministério para eventualmente corrigi-la.
O tribunal apontou que em 2001 o Estado havia cumprido a emenda com percentual de 8,23% de receitas tributárias próprias aplicadas em saúde.
Para o ministério, o Estado ficou abaixo da meta de 8%, com 5,05%, e computou indevidamente a alimentação de escolares, detentos e menores infratores como gastos em saúde, por exemplo.
"Há interpretações diferentes. Mas entendo que o Estado não cumpriu a emenda", disse Armando Raggio, que era o secretário da Saúde do Paraná em 2001. O governo de Minas informou que "não havia recursos" para o cumprimento da emenda.
Odir Tonollier, ex-secretário da Fazenda do Rio Grande do Sul, também contestou a avaliação ministerial com parecer do Tribunal de Contas. "Incluímos inativos sim [como despesa de saúde]. Não tem como não computar até que a previdência esteja equilibrada", afirmou Tonollier.
Na Bahia, há um entendimento de que, apesar de o governo ter deixado de cumprir por um percentual pequeno a meta de 2001, o Estado compensou em 2002, quando diz ter investido mais do que a meta. A secretaria também apresentou parecer favorável do Tribunal de Contas do Estado.
No Ceará, a Secretaria da Saúde admite que, retirando gastos com inativos e saneamento básico, o Estado investiu apenas 7,1%, abaixo da meta. Para Vera Coelho, coordenadora de política de saúde, não existe nenhum impedimento a essa inclusão porque a emenda não foi normatizada. "Mas, para nós que compomos o setor de saúde, a decisão do Estado de incluir essas despesas [com inativos e saneamento" é muito ruim", disse Coelho.
Mato Grosso do Sul também admite ter incluído em 2001 gastos que o Ministério da Saúde não considera. Para o Estado, em 2001, ainda não havia definição de que critério deveria ser seguido. O Rio Grande do Norte informou apenas que o Tribunal de Contas do Estado aprovou suas contas.
"Não houve cumprimento em 2001. Eles embutiam inativos", diz Carlos Fernando Agustini, secretário da Saúde de Santa Catarina. A Folha não localizou seu antecessor, João José Cândido.
Desde a última quarta-feira, a Folha tentou, sem sucesso, entrar em contato com a Secretaria de Estado da Saúde de Sergipe.
Não deram resposta, apesar de contatados, os governos de Alagoas, Distrito Federal, Mato Grosso e Goiás. O ex-secretário da Saúde do Amapá Ronaldo Dantas não foi localizado.
No Piauí, que passou a ter uma administração petista neste ano, o governo está realizando uma auditoria financeira para saber qual a situação dos recursos destinados à saúde.
(FL e MARIANA VIVEIROS)


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