São Paulo, terça-feira, 11 de março de 2008

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Antonio de Oliveira, Bach e engenharia

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O que vem à memória do sobrinho sobre o professor Antonio de Oliveira não é sua argúcia matemática, mas quando deitavam no chão da biblioteca, farta de livros de história -ele ainda criança, há 40 anos-, e ouviam concertos na vitrola. "Meu tio me ensinou a amar Bach."
A fala firme escondia erudição para a música e as letras no homem nascido em Santa Rita do Sapucaí (MG), em uma das rápidas estadas que o pai, caixeiro-viajante de uma firma de cobertores, fez pelo país com a mulher.
Aos oito veio para São Paulo morar na Vila Buarque, ali pertinho da mesma Universidade Mackenzie onde se formaria engenheiro civil e eletricista -lecionou de 1960 até os últimos dias.
Começou a carreira em uma fábrica de chaminés. Em 1964, decidiu dedicar-se ao campo da "informática" e assumiu o processamento de dados na Companhia Siderúrgica Paulista.
Lá testou os primeiros computadores gigantes do modelo IBM 360, onde se rodavam as folhas de pagamento. Formou analistas de sistemas quando pouco se sabia sobre o assunto no país e chegou a superintendente da companhia. Foi ainda diretor de controle do Metrô de São Paulo, onde se aposentou. E ainda lecionava no Mackenzie, onde foi diretor da faculdade de engenharia por dez anos.
Casado, teve cinco filhos e 11 netos, a quem deixou a coleção de relógios antigos, ao morrer anteontem, aos 77, de infarto. Na cabeceira, o livro "A Batalha pela Espanha", de Antony Beevor, ficou marcado na página 153.

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