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Antonio de Oliveira, Bach e engenharia
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O que vem à memória do
sobrinho sobre o professor
Antonio de Oliveira não é sua
argúcia matemática, mas
quando deitavam no chão da
biblioteca, farta de livros de
história -ele ainda criança,
há 40 anos-, e ouviam concertos na vitrola. "Meu tio
me ensinou a amar Bach."
A fala firme escondia erudição para a música e as letras no homem nascido em
Santa Rita do Sapucaí (MG),
em uma das rápidas estadas
que o pai, caixeiro-viajante
de uma firma de cobertores,
fez pelo país com a mulher.
Aos oito veio para São Paulo morar na Vila Buarque, ali
pertinho da mesma Universidade Mackenzie onde se
formaria engenheiro civil e
eletricista -lecionou de
1960 até os últimos dias.
Começou a carreira em
uma fábrica de chaminés.
Em 1964, decidiu dedicar-se
ao campo da "informática" e
assumiu o processamento de
dados na Companhia Siderúrgica Paulista.
Lá testou os primeiros
computadores gigantes do
modelo IBM 360, onde se rodavam as folhas de pagamento. Formou analistas de sistemas quando pouco se sabia sobre o assunto no país e
chegou a superintendente da
companhia. Foi ainda diretor de controle do Metrô de
São Paulo, onde se aposentou. E ainda lecionava no
Mackenzie, onde foi diretor
da faculdade de engenharia
por dez anos.
Casado, teve cinco filhos e
11 netos, a quem deixou a coleção de relógios antigos, ao
morrer anteontem, aos 77,
de infarto. Na cabeceira, o livro "A Batalha pela Espanha", de Antony Beevor, ficou marcado na página 153.
obituario@folhasp.com.br
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