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Dois são encontrados mortos em prisão
Os homens foram presos havia cerca de duas semanas sob a acusação de extorsão e tinham sinais de morte por asfixia
Governo do Estado afirma
que abriu apuração, porém
não comenta mortes; OAB
diz que vai acompanhar o
caso para evitar "omissão"
VERIDIANA RIBEIRO
DA FOLHA RIBEIRÃO
RAQUEL ILIANO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA RIBEIRÃO
Dois presos foram encontrados mortos em suas celas no
CDP (Centro de Detenção Provisória) de Ribeirão Preto (314
km de São Paulo) na manhã de
ontem, supostamente por asfixia. Os dois chegaram a ser levados a um pronto-socorro,
mas já chegaram mortos.
A Folha apurou que os dois
detentos -Josias Guimarães
Alves e Sidnei Pereira de Faria,
que não tiveram suas idades reveladas- foram presos acusados de extorsão havia cerca de
duas semanas e tinham inimigos no CDP, tanto que a direção da unidade chegou a cogitar a possibilidade de isolá-los.
Segundo o gerente da UBDS
(Unidade Básica Distrital de
Saúde) do bairro Castelo Branco, Vanderlei Mega Palocci, Alves apresentava características
de morte por enforcamento e
Faria tinha um saco plástico na
faringe, mas nenhum tinha sinais externos de violência.
A Secretaria de Estado da
Administração Penitenciária
informou apenas que abriu
procedimento de apuração interna para "constatar em quais
circunstâncias se deu a ocorrência" e que notificou a polícia
sobre as duas mortes.
Roberto Abud, legista que
realizou as necropsias, afirmou
que a hipótese mais provável é
a de morte por intoxicação exógena, nome técnico para overdose. "Nos dois casos houve
primeiro uma falha no coração,
que levou ao encharcamento
de sangue no pulmão. Os dois
presos sofreram asfixia indireta causada pela secreção pulmonar, o que os levou à morte."
Segundo Abud, amostras das
vísceras dos corpos passarão
por exame toxicológico. "Só depois do resultado é que poderemos dizer [as causas das mortes] com mais certeza." Abud
informou também que os dois
presos tinham nos bolsos das
bermudas embrulhos de plástico contendo um pó branco,
com características de cocaína.
"O pó também foi encaminhado para exame", disse Abud.
As mortes serão analisadas
por Luiz Augusto Freire Teotônio, corregedor dos presídios
de Ribeirão, com acompanhamento da Comissão de Direitos
Humanos da OAB (Ordem dos
Advogados do Brasil). "Vamos
acompanhar com o objetivo de
que não haja omissão de nenhuma das autoridades", afirmou a advogada Ana Paula
Vargas de Mello, presidente da
comissão em Ribeirão Preto.
Segundo ela, cabe ao Estado
manter a segurança dos presos.
"De qualquer forma, o Estado é
obrigado a manter a integridade física de seus tutelados." O
CDP de Ribeirão Preto é um
dos mais superlotados do Estado -tem cerca de 1.100 presos,
mas sua capacidade é para 453.
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