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MEC desiste do Enem do meio do ano
Universidades que usariam resultados do exame como vestibular terão de recorrer às notas de 2009 ou preparar outra seleção
Governo diz que suspendeu a prova porque não haverá tempo para criar uma estratégia de segurança que evite novo vazamento
Leonardo Wen - 6.dez.2009/Folha Imagem
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Estudantes fazem prova do Enem em SP, na última edição do exame, em dezembro; nova prova deve ocorrer somente no final do ano
FÁBIO TAKAHASHI
PATRÍCIA GOMES
RICARDO GALLO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério da Educação
não irá mais realizar o Enem no
meio deste ano, ao contrário do
que estava previsto desde que o
exame passou a ser usado para
substituir os vestibulares em
universidades federais.
Segundo o ministro Fernando Haddad (Educação), não
houve tempo para organizar o
exame com um modelo de segurança adequado (o exame vazou na edição do ano passado).
Para as instituições que utilizariam a prova para selecionar
turmas para o segundo semestre, o ministro sugeriu que sejam chamados alunos que fizeram o Enem do final de 2009.
Na prática, serão convocados
estudantes que foram reprovados neste primeiro semestre.
As federais do Tocantins, do
Maranhão, Rural do Semi-Árido (RN) e Tecnológica do Paraná disseram à Folha que seguirão a recomendação do ministro. As federais de Ouro Preto e
Uberlândia decidiram voltar ao
modelo do vestibular (essa última ainda pode usar nota do
Enem 2009 como primeira fase). A federal de Alfenas também deve fazer vestibular.
Ao mudar o Enem, o governo
Lula queria acabar com o vestibular -considerado um problema para o ensino médio, por
exigir conhecimentos específicos das disciplinas, com pouca
contextualização. As questões
do Enem buscam integrar os
conhecimentos das matérias.
Representantes de universidades demonstraram preocupação com a decisão. Um dos
problemas apontados é o perfil
de aluno que será chamado nas
escolas que usarem o Enem de
2009. Esses estudantes tendem a ter desempenho baixo e
pouca motivação para o curso,
o que pode causar evasão.
Para quem fará vestibular
próprio, o prazo para realização da prova é menor que o habitual. Segundo a federal de
Ouro Preto, o processo deveria
ter começado em janeiro.
Na avaliação do MEC, a não
aplicação do Enem no meio do
ano não terá grande impacto,
pois o número de vagas oferecido não é elevado (quantidade
ainda não definida). Além disso, o ProUni (bolsas em universidades particulares) já usava
um Enem para duas seleções.
Atraso
O ministro disse ontem que
não houve tempo de convencer
órgãos de fiscalização (AGU e
TCU) a aceitar um modelo de
logística considerado como seguro pelo MEC. Haddad quer
contratar instituições experientes (Cespe e Cesgranrio),
sem licitação. A avaliação dele é
que a prova de 2009 vazou porque uma empresa com pouca
tradição venceu a licitação.
A Folha apurou que a nova
prova deve ser aplicada após o
segundo turno das eleições. Para o governo, há mais risco de
fraude por ser ano eleitoral.
Enquanto a seleção do meio
do ano está em preparação, as
federais ainda definem as turmas do primeiro semestre -o
vazamento da prova no ano
passado atrasou o calendário.
Amanhã, acaba o prazo de
matrícula para aprovados na
terceira etapa do Sisu (seleção
de calouros via Enem). A sobra
de vagas nas primeiras rodadas
surpreendeu o próprio MEC.
Na última etapa foram oferecidas 21.701 vagas; na semana
que vem será possível saber
quantas sobraram. As escolas
continuarão chamando integrantes de lista de espera.
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