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Bips e celulares ajudaram na prisão
da Reportagem Local
O uso de tecnologia -bips e telefones celulares- ajudou e prejudicou a gangue da batida. Se os
equipamentos eram úteis para garantir a segurança das operações,
foi com o "grampo" dos bips e dos
celulares que a polícia chegou até
os criminosos.
Os membros da gangue se comunicavam todo o tempo. Antonio Augusto e Robson tinham celulares. A namorada do primeiro,
Maria Victória, que garantia não
ter participado, acompanhava todo o movimento, recebendo chamadas do líder da gangue durante
a madrugada, segundo a polícia.
Quando os criminosos possivelmente estavam sendo extorquidos
pela polícia em Santos, foi ela
quem enviou as mensagens para
Ana Paula (namorada de Robson)
pedindo o dinheiro para libertá-los. Quase todo o grupo estava
na praia. Só Victória e Antonio
Augusto conseguiram escapar da
polícia.
As idas à praia eram constantes.
Praticamente todo o dinheiro que
conseguiam com os assaltos ia para a boa vida: finais de semana
prolongados no Guarujá e Itapecerica da Serra, restaurantes e hotéis caros e até mergulho submarino. Robson tinha um Gol turbinado. Maria Victória acabara de
comprar um Escort cinza.
Em seu depoimento à polícia,
Antonio Augusto revelava uma
certa "revolta do proletariado".
Dizia que queria sentir "o prazer
de consumir, de ter o que os outros têm".
Também Robson Garcia mostrava uma certa inveja das classes
sociais mais altas. Quando questionado sobre o porquê de estuprar as vítimas, ele respondeu:
"Queria saber se a mulher de classe média e alta era mais cheirosa e
gostosa que a mulher pobre".
Família
Apesar de abusar das mulheres
que assaltavam, se sabe que pelo
menos três membros da gangue
possuíam companheiras. Os bips
são, na maior parte das vezes, recados de amor trocados entre os
diferentes casais: Tatiane e Sérgio
Baiza, Robson e Ana Paula, Antonio Augusto e Victória. Mesmo as
mensagens que sugerem a extorsão são carinhosas: Robson sempre começa com "Mozão" (corruptela de "amorzão").
Era também uma empreitada
com apoio familiar. Robson vivia
com os sogros -é a eles que recorre quando se vê às voltas com a
polícia (veja quadro ao lado).
Sérgio Baiza, seu cunhado, deixou um trabalho de gráfico para se
integrar à gangue. Em seu depoimento, ele conta que na hora do
jantar a família costumava comentar as notícias de jornais sobre
o grupo, que Maria Victória recortava e guardava cuidadosamente.
As últimas mensagens deixadas
pela gangue nos bips indicam o
endereço da festa de aniversário
da sogra de Sérgio Baiza. O grupo
vinha sendo seguido pela polícia
havia um mês. Com os retratos falados em mãos, os policiais perguntaram pelos criminosos nas
proximidades da lanchonete que
frequentavam no Jabaquara.
Foram reconhecidos por populares, que fizeram mais: apontaram a casa onde Antonio Augusto
estava morando, na mesma vizinhança. Os policiais ficaram uma
semana de "campana" em frente à
casa. Quando o "grampo" nos celulares e bips foi feito, a polícia já
tinha certeza de quem eram os ladrões. "Faltava encontrar o momento ideal para apanhá-los todos
juntos", disse o delegado Edson
Soares, que estava à frente dos investigadores.
Quando viram no bip o endereço da festa, os policiais resolveram
agir. Antonio Augusto foi preso
quando saía do carro, com um bolo nas mãos, presente para a sogra
de Sérgio. Estava com a namorada
Maria Victória.
Sérgio e Robson chegavam no
mesmo momento, também de
carro, e foram presos na sequência. A família entrou em pânico. A
namorada de Robson, Ana Paula,
grávida, disse que estava passando
mal.
A sogra de Sérgio chorava. Nada
podia ser feito: todos foram presos, à exceção do taxista Dinho,
que não havia sido convidado para
a festa.
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