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São Paulo, sexta-feira, 11 de abril de 2003

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CAOS NO RIO

Bombas caseiras foram jogadas em restaurante e em laboratório

Leblon é alvo de ataques em segundo dia de violência

Marco Antonio Rezende/Folha Imagem
Marcelo Itagiba e Josias Quintal mostram granadas argentinas e munições para fuzil apreendidas


MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

Duas bombas de fabricação caseira foram jogadas em um laboratório e em um restaurante no Leblon, bairro nobre da zona sul do Rio, na madrugada de ontem. No segundo dia consecutivo de atentados atribuídos a traficantes de drogas, um ônibus foi incendiado e o comércio ficou fechado em alguns bairros.
A polícia reforçou a segurança nas ruas, ocupou favelas e, numa operação no morro do Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, matou o traficante Jurandir Dias do Nascimento, o Caju, uma das lideranças da facção criminosa CV (Comando Vermelho).
Em menos de dois meses, essa foi a quarta série de ataques atribuída a traficantes no Rio. Anteontem, nove ônibus e dois carros foram incendiados, dois PMs foram mortos, uma granada foi jogada no shopping Rio Sul (Botafogo) e outro shopping foi metralhado na zona oeste.
Os ataques de ontem ocorreram por volta das 4h. A primeira bomba foi jogada na entrada do laboratório Sérgio Franco, abrindo um buraco na parede de vidro da portaria.
Em seguida, outro explosivo foi jogado no restaurante Fratelli. A fachada de vidro ficou parcialmente destruída. Dois menores suspeitos de participar da ação foram detidos, mas soltos por falta de provas.
Poucas horas após os ataques no Leblon, cerca de 30 policiais ocuparam o morro Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, para capturar o traficante Caju, apontado como chefe do tráfico no local. Segundo o delegado Carlos Antônio de Oliveira, ao chegar à favela sua equipe foi recebida a tiros. No confronto, Caju e um cúmplice, identificado como Gildo Cesar Cerqueira de Freitas, o Docinho, foram mortos.
A morte de Caju fez com que traficantes do Pavão-Pavãozinho ordenassem o fechamento do comércio em parte da rua Sá Ferreira, que dá acesso ao morro.
Segundo a Polícia Civil, Caju teria organizado os ataques ao hotel Le Meridien (Leme, zona sul), na semana passada, e ao shopping Rio Sul, anteontem. Ele ainda é acusado de ter colocado uma cabeça de homem dentro de um banheiro do Rio Sul, em janeiro.
No início da manhã, mais um ônibus foi incendiado, dessa vez no morro do Salgueiro, em São Gonçalo (região metropolitana).
Na zona norte, a polícia apreendeu 50 granadas argentinas e 17 mil munições para fuzil. O material, que vinha do Paraguai, estava em um caminhão e abasteceria uma favela do complexo da Maré. Segundo o superintendente da PF no Rio, delegado Marcelo Itagiba, foi a maior apreensão de granadas no Estado nos últimos dois anos.
A chegada do carregamento coincidiria com um momento de intensos confrontos entre traficantes rivais do complexo da Maré. Segundo Itagiba, as granadas apreendidas são de uso exclusivo do Exército argentino.

Quintal
Para o secretário estadual de Segurança Pública do Rio, coronel Josias Quintal, é "equívoco" dos traficantes promover ataques para pressionar contra as regras mais severas nas prisões. "Eles estão sujando a imagem da polícia e da cidade. No entanto, ficam privados de sua liberdade [de traficar" e ainda perdem as suas vidas. Além disso, há uma reação imediata da sociedade, o que prejudica os negócios do tráfico."

Colaborou TALITA FIGUEIREDO, free-lance para a Folha


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