São Paulo, quarta-feira, 11 de abril de 2007

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Jovens são acusados de tramar morte via web

Polícia de Brasília recebeu denúncia anônima e monitorou conversas dos 4 rapazes pelo sistema de mensagens instantâneas

O alvo das ameaças de morte, segundo a polícia, é um garoto de 17 anos; um dos quatro suspeitos tem menos de 18 anos

Adauto Cruz/"Correio Braziliense"
Um dos acusados mostra arma em outra foto encontrada


FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Quatro jovens brasilienses de classe média alta são acusados de planejar, pela internet, a morte de um garoto de 17 anos. Segundo a polícia, o crime só não chegou a acontecer devido a uma denúncia anônima à 1ª DP da Asa Sul, em Brasília.
Após a denúncia, a polícia iniciou um monitoramento, que durou cerca de 10 dias, das conversas dos 4 jovens -entre os quais, um menor de idade- pelo MSN (sistema de mensagens instantâneas).
Um dos trechos mostra a discussão sobre o crime: "A gente já esquematizou. Vamos mandar a galerinha aqui matar ele e jogar no Santo Antônio [rio no entorno de Brasília]. Para fazer o mal tem que ter a manha, velho. Cabeça fria".
"O monitoramento foi feito para ver se a denúncia tinha fundamento, e descobrimos, por meio de uma foto, que um dos rapazes tinha uma arma", disse a delegada titular, Suzana Machado. "Pedi ao juiz um mandado de busca e apreensão na casa dos envolvidos."
Na busca a polícia encontrou diversas fotos, entre as quais uma em que os jovens usam drogas e outra em que manuseiam um revólver.
O planejamento do crime, segundo a polícia, começou a ser discutido após os dois menores de idade se desentenderem, em fevereiro, por causa de uma ex-namorada do jovem ameaçado.

Ameaças
Os cinco rapazes chegaram a se encontrar duas vezes após o desentendimento. Na primeira delas, os quatro chegaram a ameaçar o menor.
No segundo encontro, porém, de acordo com o rapaz ameaçado, haviam chegado a um acordo. "O jovem ficou surpreso ao saber dos planos do grupo", explicou Suzana. "Também ficaram surpresos os pais dos rapazes que planejavam o crime", afirmou ela.
Os três maiores envolvidos, cujos nomes não foram divulgados pela polícia, dividem um apartamento em um bairro nobre de Brasília. Todos são estudantes universitários. Já os dois menores, alunos do ensino médio, moram com os pais.
Os quatro acusados prestaram depoimento na semana passada. Inicialmente, disseram que a arma da foto é de brinquedo, mas depois admitiram que se trata de um revólver "de verdade", que pertencia ao vigia do Cemitério Campo da Esperança, Franklin José de Sousa, 36. Segundo a delegada, o vigia já está preso.
Os jovens foram liberados após o depoimento e aguardam o processo em liberdade. "A partir de agora, o menor envolvido estará sob a responsabilidade do juizado de menores", disse Suzana Machado.
A Folha entrou em contato com o advogado dos três maiores, que pediu para não ter o nome revelado. Ele disse que o inquérito ainda não foi aberto e que a delegada tem divulgado informações "distorcidas".


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