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SEGURANÇA
Rosinha quer tropas federais em favelas, o que foi recusado; apoio ficará restrito a investigações do narcotráfico
Sem acordo, Exército não sai dos quartéis no Rio
SERGIO TORRES
TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO
Os governos federal e do Estado
do Rio não chegaram a acordo sobre o emprego de militares na repressão à criminalidade na região
metropolitana do Rio de Janeiro.
Após um mês de discussão, autoridades estaduais e federais anunciaram ontem que o apoio militar
será apenas de inteligência e instrução. O Exército não ocupará
nem ruas nem favelas.
Há duas versões para a falta de
acerto. De acordo com o Palácio
Guanabara, a recusa do Exército
em ocupar favelas, como havia
proposto a governadora Rosinha
Matheus (PMDB), teria levado o
Estado a rejeitar a oferta de presença ostensiva de tropas e tanques militares nas ruas e vias expressas da região metropolitana.
Já para o Palácio do Planalto, as
tropas federais só não vão para as
ruas do Rio porque Rosinha se recusou a assinar documento, exigido por lei, no qual reconheceria o
"esgotamento da capacidade de
ação" do Estado (leia ao lado).
Na quarta-feira passada, Rosinha e seu marido, o secretário estadual de Segurança Pública, Anthony Garotinho, ouviram dos
comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica na região
Sudeste que as Forças Armadas
não aceitariam combater narcotraficantes em favelas.
Essa era a reivindicação principal do governo do Estado. Rosinha e Garotinho queriam 4.000
militares destacados para atuar
nos complexos de favelas do Alemão, da Maré e de São Carlos, nos
morros do Borel e do Dendê e nas
favelas do Jacarezinho, da Mangueira e Metral. São as oito áreas
mais violentas da cidade, segundo
a Secretaria de Segurança.
A represália à recusa militar foi
anunciada ontem pelo governo
estadual na reunião que discutiu,
das 10h40 às 13h, a atuação do
Exército no Rio. Estiveram com o
casal Garotinho, no Palácio Guanabara (sede do governo estadual), os ministros José Viegas
(Defesa), Márcio Thomaz Bastos
(Justiça) e Aldo Rebelo (Coordenação Política) e o comandante
do Exército, general Francisco
Roberto de Albuquerque.
Viegas e Albuquerque expuseram o que o Exército planejava:
ocupar as principais vias expressas (Linha Amarela, avenida Brasil e Linha Vermelha) e áreas mais
perigosas com tropas e tanques.
As ações em favelas seriam feitas
pelas polícias Militar e Civil.
Acompanhada também de mais
dois secretários (Jorge da Silva, de
Direitos Humanos, e Astério Pereira dos Santos, de Administração Penitenciária), do comandante da PM (Renato Hottz) e do chefe de Polícia Civil (Álvaro Lins),
Rosinha rejeitou a proposta.
A alegação dada foi a de que a
ocupação ostensiva dos espaços
públicos já acontecera outras vezes e não dera resultados. Além
disso, para as autoridades estaduais, o Exército nas ruas daria à
população a impressão de que o
Estado estaria sob intervenção.
"Aqui no Rio não vai haver intervenção nem branca nem rosa.
Aqui temos colaboração e entendimentos para que cada um cumpra o seu papel", disse Rosinha,
em entrevista, após a reunião.
Ficou decidido que, ao Exército,
caberá agir para recuperar armas
militares em poder de criminosos, indo às favelas apenas em
ações "pontuais" voltadas a esse
fim. Anteontem, mais um quartel
do Exército, o 8º Grupamento de
Artilharia de Campanha Pára-Quedista, na Vila Militar (zona
oeste), sofreu uma tentativa de invasão. Nenhuma arma foi roubada, segundo o CML (Comando
Militar do Leste).
Em uma semana, foi a segunda
invasão a uma unidade militar no
Rio. Na madrugada do último dia
3, cinco homens roubaram do
Depósito de Aeronáutica, na avenida Brasil (Bonsucesso, zona
norte), 22 fuzis, uma pistola, quatro carregadores com 40 munições cada e uma Kombi.
Na reunião, ficou decidido ainda que a ação federal será de apoio
e investigação, por meio de seu
serviço de inteligência. O Exército
instruirá tropas em formação pela
PM. Também cederá ao Estado a
lista de reservistas dispensados há
pouco tempo. O Estado planeja
contratar cerca de 2.000 deles para reforçar a PM.
Com o ministro da Justiça, ficou
acertada a construção, ainda neste ano, de um presídio federal. O
Rio também deverá ganhar uma
delegacia da PF (Polícia Federal)
em Volta Redonda (a 130 km do
Rio) e 25 carros e 200 homens da
Polícia Rodoviária Federal.
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