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Governo não desistiu de nada, diz Viegas
ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo do Rio de Janeiro
dispensou ontem a presença de
tropas federais nas ruas da capital,
segundo o ministro da Defesa, José Viegas. De acordo com ele, o
próprio presidente Luiz Inácio
Lula da Silva já havia autorizado o
uso de soldados no Rio de Janeiro.
"O governo federal não desistiu
de nada", disse o ministro ao ser
questionado sobre a quem coube
a decisão de suspender a presença
do Exército nas ruas do Rio.
Diplomático, Viegas evitou usar
a palavra "desistir" para qualificar
a decisão da governadora Rosinha Matheus de dispensar as tropas. "Eu não gostaria de usar a palavra desistiu. Foi o governo do
Estado do Rio que nos disse hoje
que preferia essa modalidade de
cooperação, e assim será", disse o
ministro.
A "modalidade de cooperação"
prevê apenas o apoio das Forças
Armadas em logística e treinamento. As operações em campo
serão todas comandadas pelas
forças policiais do Estado.
Reciclagem
Dos diversos pontos do acordo
celebrado entre o Estado e a
União, apenas um se refere a uma
atividade de cooperação que ainda não existe: a possibilidade de o
Exército pré-selecionar ex-recrutas para serem reciclados e, depois, incorporados a uma força de
emergência. Esses reservistas seriam comandados pela polícia estadual. A reciclagem dos ex-recrutas levaria cerca de um mês.
Segundo a Folha apurou, o governo federal não mandou as tropas federais porque a governadora Rosinha Matheus se recusou a
assinar um documento no qual
reconheceria o "esgotamento da
capacidade de ação" do Estado.
Intervenção
Se esse documento, exigido por
lei complementar, não fosse assinado, a presença das tropas federais no Rio de Janeiro poderia ser
caracterizada como uma intervenção. "Coisa que ninguém nunca pensou em fazer", disse Viegas,
ao se referir à possibilidade de
uma intervenção federal.
"Estando o Estado do Rio capacitado e bem dotado para resolver
seus problemas de segurança e de
garantia da lei e da ordem, e, portanto, dispensada desse modo a
participação das Forças Armadas,
isso é para nós um fato evidentemente auspicioso", afirmou o ministro, sobre a não-presença de
soldados nas ruas do Rio.
Viegas preferiu evitar polêmicas
e não quis falar sobre as exigências legais para o envio das tropas
ao Rio. Limitou-se a dizer que, pela legislação, "consideram-se esgotados os meios de ação quando
eles são ausentes ou insuficientes". "Não é uma questão de capacidade ou de competência, é uma
questão numérica".
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